segunda-feira, maio 20, 2013

Pássaros e árvores na janela

Da janela em que estou, vejo a copa das árvores na altura do meu olhar, o vento mexe com elas num movimento sincronizado, é engraçado, elas parecem um pulmão a respirar. Eu sei que respiram de verdade e que até fotossíntese fazem, mas são cerca de dez árvores grandes e frondosas, que se mexem como um pulmão se enchendo de ar. Isso me faz lembrar o quanto precisamos delas, as árvores, para viver, para respirar. Cinco gaviões muito no alto observam a vida passar, de tão longe não devem ver a miséria dos homens, e pouco estão preocupados com isso, pensam na sua própria fome e espreitam qualquer deslize de vida pra se alimentar.
Vejo coisas sem horizontes, vejo a vida no seu divagar e divagando em pensamento vejo um pombo a voar, equilíbrio e perfeição, ganhando velocidade ... uma máquina de voar ! Então a realidade me faz sorrir, é dia ! Não é fantasia, e o sol esta nascendo, a luz vai abrilhantando toda a beleza desta vida, luz com sombras que esculpem desenhos pelo chão, o ar é seco e os momentos terrenos que fazem a vida passar, com pouco olhar e muita disposição. O calor enche o vidro da janela, a pintura de desenho feio ganha um colorido forte, o sol emoldura esse triste cenário que toma contornos teatrais.
De repente o vento sobra em rajadas, o pombo, essa máquina de voar, desequilibra ! Se choca logo contra as árvores que insistem em respirar, é com um suspiro profundo que vejo a ave se chocar, lá de cima os astutos gaviões voam, sem medo e sem perdão o rasante é profundo, em fração de segundos acompanho com emoção, o final dessa novela. Espatifado pelo chão, o pombo se equilibra, o foco agora é um passarinho, não conheço muito de espécies, coleiro, trigueiro, tuju, pintassilgo ou um simples pardal? É ele, que num vôo rasante, o gavião atinge, apesar das árvores meu peito já não mais respira da mesma forma, fico em sobre aviso pelo tempo e ele passa longo e em segundos. Acostumado com a copa das árvores que respiram, o pequeno pássaro agora está muito mais perto das raízes, que pulsam a seiva. Gaviões já no chão dividem a sua miséria e a vida para como um sopro de vento, que parou de soprar. E isso somos nós um sopro de nada, sem olhar para a vida ... e assim a vida segue. Essa é a intensão da vida, passar pelos nossos olhos. Num doce lamento de ilusão de que o amor já não mais existe, só o duro reflexo da vida que se quer manter.

Que não vejam o amor das palavras mas que um dia compreendam a sua intenção.

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