sábado, outubro 16, 2021

O país que parece que não é

Vivemos num país bizarro onde tudo parece faz de conta. Onde segurança se confunde com bandidagem, onde bandidagem faz a segurança da população, todos pedem algo em troca é verdade, mas o papel do Estado é desviado para um papel que parece mais querer extorquir a população. 
O Brasil é um Estado onde exercer o poder se confunde com corrupção. Economia é controlar quem vai fazer os gastos e divisão de poderes é meramente arranjar quem vai separar cada quinhão.
É o país do futuro que não se entende com seu passado. Um futuro que nunca chega e que vive num presente de demagogia e podridão. Aqui se finge fazer educação, não há terra pra todos mesmo nessa imensidão.  Onde tudo passa a ter uma dimensão torta e retumba enviesado tudo o que se faça. O médico que num hospital público, salva um paciente da morte na verdade fez mais que um ato da saúde, ele rompeu com desigualdades sociais imensas por dar um atendimento que poucos podem ter. Conseguir estabelecer um complexo protocolo de saúde do início ao fim aqui no Brasil não é só uma questão de saúde e competência médica, muitas vezes é uma questão de resistência ao sistema falho e uma questão de sorte.
Aqui tomar uma vacina passa a ser muito mais que um ato para resguardar sua própria saúde, a um custo baixo a nível preventivo. Cada vacina tomada toma o vulto de um ato político e de um posicionamento social. Um dizer não quando deveria ser um apoio dizendo sim. 
Governos estão sempre contra nós, o aparelho do Estado parece estar contra nós. É um país onde a educação é resistência , é teimosia , é ter esperança que sabemos que se quebra na primeira crise econômica. Crise é algo que começa e termina, nossas crises são eternas num efeito que só parece que se ameniza, mas que no fundo ... No fundo mesmo vive de mesmos problemas que parecem que são os que já foram ... Mas que nunca terminam. Vivemos num tempo onde problemas de tensão agrária ainda existem, num tempo onde a equação entre o agro business toma o lugar do latifundiário monocultor, num tempo onde confrontos indígenas ainda existem, onde a saúde é precária, a educação não desenvolve o povo. Onde esperamos de braços cruzados um salvador da pátria , pai dos pobres,um mito. Aqui as doenças são erradicadas mas voltam a nos assombrar e a qualquer descompasso da economia, que patina sempre, a fome retorna. Um país liberal e de economia extremamente fechada. Os mesmos problemas de décadas ou de séculos passados. O verdadeiro pais que não sai do lugar.