quarta-feira, agosto 24, 2016

Capitalismos colaborativo - enfim a terceira via !

Durante a minha infância vi dois modelos econômicos se digladiarem, o mundo era bilateral quem não era capitalista, consequentemente socialista era. Numa briga que mais parecia um Fla X Flu o agente político levou o modelo socialista à bancarrota, sobrou o que "na teoria" era o melhor... a exploração do trabalho humano capitalista venceu a batalha, mas se repararmos bem as teorias do Marxismo, o capitalismo não era o fim de uma história, mas a forma de sociedade em representar a natureza humana, e como tudo, ela também muda e evolui ao longo do tempo. Como se tratava de um modo de produção historicamente transitório tem contradições que o levariam à sua queda.

Para Marx, a base de cada sociedade humana é o processo de trabalho, seres humanos cooperando entre si para fazer uso das forças da natureza e, portanto, para satisfazer suas necessidades. O produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas. Deve, em outras palavras, ser útil.

Sob o capitalismo, todavia, os produtos do trabalho tomam a forma de mercadorias. Uma mercadoria, como assinala Adam Smith, não tem simplesmente um valor de uso. Mercadorias são feitas, não para serem consumidas diretamente, mas para serem vendidas no mercado. São produzidas para serem trocadas. Desse modo cada mercadoria tem um valor de troca, "a relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de um outro tipo".

Deter os meios de produção é encarado como poder em ambos os casos, deter mercadorias é o símbolo máximo de uma sociedade capitalista forte, eis então que surge o conceito de usufruir sem a necessidade de se ter. Algo esperado tanto por socialistas derrotados, como por capitalistas descrentes por seu próprio modelo econômico. 

Os principais modelos econômicos surgiram nos últimos 300 anos após as  duas revoluções industriais lideradas por Inglaterra e Estados Unidos. Esse pioneirismo transformou esses países em potências mundiais.

Um novo modelo econômico vem a reboque de uma terceira revolução industrial que está ocorrendo nas últimas décadas com o advento da tecnologia de informação, foi possível ampliar debates, disponibilizar e massificar informações de uma forma nunca imaginada. Isso atinge o consumidor de uma forma mais crítica e sem a necessidade de agentes indiretos  à produção. Sem a necessidade de repassar o fruto da produção para comercializar diretamente. O comércio sofre um impacto nunca visto, o custo de produção ao consumidor final cai e o consumo de camadas menos abastadas cresce. Vimos exemplos disso crescendo na China e no Brasil em sites como o Ali Express. 

Isso não é tudo, pois vemos florescer a economia do compartilhamento. Assim como o pensamento socialista surgiu do receio que se tinha com o capitalismo, hoje a limitação de recursos, a necessidade de expansão da economia e a busca de níveis de eficiência constantes, coloca em xeque o modelo, e gera um híbrido composto pela economia de troca no mercado capitalista, e pela economia do compartilhamento socialista. Esse novo modelo é criado por uma mudança na forma de pensar da nossa sociedade global, hoje os jovens experimentam produzir e compartilhar o seu próprio entretenimento, notícias e informações... em breve farão isso com roupas, carros apartamentos. Hoje é possível criar um filme e publicar no YouTube, ter a experiência de transporte pelo Ubber sem a necessidade de ter um carro, residir sem a necessidade de ter uma casa de campo, mas tendo acesso às informações do Airbnb. Tudo baseado nas experiências e não nos serviços, tudo sem a interferência de intermediários, e a um custo muito menor! 

Analisar e qualificar essas experiências em redes sociais serão tarefas para os sistemas cognitivos e isso valerá mais que as marcas publicitárias. As gerações mais novas não querem ter um carro, isso é coisa do vovô. As gerações mais novas querem acesso, e não posse. E no fim vão qualificar suas experiências e essa qualificação serão o marketing do futuro.

A internet das coisas vai conectar campos de agricultura, linhas de produção de fábricas, lojas de varejo e armazéns, veículos autônomos e casas inteligentes. A eficiência do processo produtivo vai superar os níveis atuais, o custo marginal vai reduzir a valores irrisórios. Tudo poderá ser simulado em modelos matemáticos complexos. 

O movimento da nova economia está em curso, sem modelos teóricos, sem regulação governamental, sem pressão da economia. Os jogadores com certeza não serão as velhas empresas capitalistas que tínhamos antes, mas agentes adaptados à economia do compartilhamento.