domingo, janeiro 24, 2016

A procura de uma identidade nacional

A terra tão rica
e – ó almas inertes! –
o povo tão pobre...
Ninguém que proteste! (...) (in: Do animoso Alferes, Romance XXVII) - Cecília Meireles

Se observarmos a história cultural do Brasil, podemos identificar que todas as vezes que tentaram trazer para a ótica cultural uma visão clara da identidade nacional, isso foi um movimento iniciado pelo estado, desde os romancistas imperiais, até modernistas utilizados pelo Estado Novo, ou o grande pensamento revolucionário dos anos 50 e 60 que seguiam  uma mentalidade politicamente correta vigente no século XX no mundo inteiro. Se o governo impunha um Brasil como o país do futuro, a contra cultura fazia a antítese disso em movimentos de oposição a ditadura militar.

Recentemente, buscou-se novamente criar um Brasil diferente da novela das 21:00, do BBB, da Ludimila, mas a verdade é que ainda engatinhamos como estado soberano, como país nacionalmente integrado, como um país de identidade cultural forte. Nossos programas de TV prezam pela qualidade técnica mas são fruto de uma só emissora, o cinema nacional é um vaga lume de sucessos, nossa literatura é inconstante e a música nacional, apesar de riquíssima vive a mercê de uma ou outra geração de gênios, e os últimos já se aposentaram.

Hoje temos tiragens de 3.000 exemplares de livros num país que é "ávido por leitura" mas que tem uma população de 200.000.000. Nesse vácuo cultural, ganham espaço os meios virtuais, mensagens instantâneas de 256 caracteres passam a virar o grande movimento cultural de boa parte da população. Facebook, passa a ser ponto de encontro de movimentos culturais de uma nata da população do sul achando que fala pela população do norte, sem nem ao menos entender que  vida ao longo do país difere de região para região. O Brasil ainda é arcaico, retrógrado, ainda busca ecoar culturalmente de uma forma natural, mas depende em geral das leis de incentivo cultural, dos bancos estatais mecenas da cultura, da Igreja e de um emissora de televisão, muito pouco para quem quer dobrar o cabo da boa esperança.