sexta-feira, julho 27, 2012

Oceano (autor desconhecido)

Torne-se Oceano

Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano,
ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada:
os cumes, as montanhas,
o longo caminho sinuoso através das florestas,
através dos povoados,
e vê a sua frente um oceano tão vasto
que entrar nele nada mais é
do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira.
O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência.
Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano
é que o medo desaparece,
porque apenas então o rio saberá
que não se trata de desaparecer no oceano.
Mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento
e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós.
Voltar é impossível na existência.
Você pode ir em frente e se arriscar.

Torne-se OCEANO !!!

terça-feira, julho 24, 2012

No piano

Sento no piano e dedilho "As  Time Goes By", não me sinto um Humphey Bogart conquistando uma Ingrid Bergman e me perco logo nas notas. Estou nostálgico, estou inquieto, estou triste.
As imagens do filme não saem da minha mente, não são cenas, são flashes em preto e branco, são penumbras esquecidas do nosso romântico cinema, do tempo que um filme era chamado "de amor". Hoje "de amor" são no máximo comédias, como se fossem cômicas as pessoas que amam num mundo de tanta luz e pouca penumbra. Ao invés de procurar um "You must remember this ...
A kiss is still a kiss" busco em Cartola os murmúrios de o Mundo é um Moinho e trituro meus sonhos reduzido as ilusões a pó!
No preto e branco dos teclados lembro novamente do filme um final triste, uma história de amor e guerra com final triste numa vida tão bela e colorida, acontece que a vida é orquestrada pelos enganos da nossa mente, assim como nas ilusões do cinema, nossa mente tece frágeis véus da nossa vida, temos a visão deturpada, os olhos amaldiçoados e num simples rajar de vento tudo se abre em horizontes com perspectivas amplas, com escolhas, com livre arbítrio! Basta apenas termos coragem de tocar nossa música, de soltar nossa voz. Falta soltar as amarras e cantar!

quinta-feira, julho 05, 2012

Dando o recado em 3:49

Um dia de trabalho, um dia de insanos pensamentos sobre a minha vida, me vejo num avião retornando de São Paulo e sobrevoando a Serra da Cantareira sob a luz do luar não pude deixar de lembrar da estrela maior da nossa música, bastaram alguns cliques no aparato multimídia do avião para começar a ouvir a voz da estrela, Elis Regina.
Busco então uma posição mais relaxada e a aeromoça me surpreende com uma bela taça de vinho, naquele momento eu no ar sinto-me indiferente a turbulência da minha vida e nesse instante passa pela minha cabeça que tanto faz estar vivo ou não, estou no céu, acima das nuvens, pleno e ouvindo um hino. Por uns momentos esqueço a minha tristeza, meu rancor, meu vazio e vivo o momento que o vinho e a música me proporcionam.
Elis começa mansinha, parece uma Ferrari andando a 10Km/h e clamando pela explosão de sua voz, dar o recado, neste caso, é dizer ao que veio e em  pouco menos de 4 minutos da belíssima gravação de "O Bêbado e o Equilibrista", a maior voz feminina da música brasileira, mostra com a alma ao que veio. Sai do murmúrio a marcação forte das notas vocais, aos poucos o arranjo de cordas toma volume e uma batida inconfundível com a marca de João Bosco emoldura a voz de Elis em todo o seu explendor, a música explode. O recado é passado numa letra forte contra a ditadura. São 3 minutos
e uma musica incidental aparece para amarrar de vez essa música a nossa história. O recado esta dado! Salve Elis !