quarta-feira, outubro 30, 2013

Driblando os pontos finais !

 Pelo dinamismo da vida, pela fluidez das palavras. A  vida autêntica, vai além das aspas e do travessão ... 
Uma vida que tem vírgulas só para incluir mais comentários, elogios, dar um tempo. E uma vírgula é algo tão humano quanto uma, respiração ...
Será um momento de reflexão, quando usamos a interrogação? E o que não é mais humano que o pensar?
Um mundo em exclamação para uma vida grande e rica de emoção, que venha a vida sem ponto qualquer! Que venha com o caos de uma enxurrada de palavras ! Palavras bem ditas, vindas com alma e com paixão pelo que se faz falar!
Usemos então as reticências ... que nos prometem mais por vir...  que insistem em dizer que nada na vida é para sempre, que nem tudo está fechado como um ponto qualquer!
Reticências para dizer, o que ainda estar por vir... reticências de olhar que insinua, dos suspiros e desejos, do que é proibido e que não deveria existir...
Para que ponto final se não temos que matar as palavras,ou as ideias que ainda estão a ser pensadas ... que ainda podem ser mudadas, interpretadas ou apagadas.... 
Se o mundo é redondo e permite mudar a direção dos ventos, a cabeça é redonda para mudar os pensamentos...  
Vamos permitir a expectativa de continuação, que é mais que meros sinais ... é muito mais que eternos pontos finais!

terça-feira, outubro 29, 2013

No íntimo de um amor

Das muitas emoções que afloram de nosso íntimo, provavelmente a mais profunda , é a experiência do amor.... é através do amor que se atinge a mais profunda reflexão do monge, a caridade do justo e até a sabedoria de um mestre. É a partir do amor à vida que somos levados a contemplá-la e ver que a vida nos proporciona momentos intensos. É o amor que nos traz as mais felizes realizações ou as mais dolorosas das frustrações. É a partir de um ato de amor que deixamos os frutos da nossa vida, com o amor é possível unir diferenças, descobrir novos caminhos, mudar nossas teimosias e egoísmos. É com o encontro de olhares que duas pessoas podem ter suas vidas cruzadas unido e mudando destinos, compartilhando fragilidades. 

Das frustrações de não poder dar amor, a quem se ama ficam feridas que normalmente só são curadas com o tempo e .... com amor. Sim, o amor cura, o amor estimula com sutileza a nossa auto compreensão, a observação da vida sob perspectivas de mais alto nível, renúncia, paciência e perdão. O que se opõe ao amor não necessariamente é o ódio, mas a indiferença. O amor é entrega, é doação ... e doar-se é um ato de coragem e confiança extrema, é como se jogar de costas confiando que alguém estará como anteparo à nossa queda. E quem se entrega ao extremo e sem retenção, acaba por ter um amor mais pleno e realizador, porém quando frustrado, esse amor, gera um abismo, um vazio, com contornos de tragédia.

Então ... o que sustenta o amor? O próprio amor se sustenta nele pois fica enraizado com o conceito da vida, sem amor próprio, sem amor à vida, não é possível se ter amor, mas um sentimento tão vasto depende de muito mais do que dele mesmo, o respeito, o carinho e a ternura são elos que fortalecem essa sustentação pois é no dia a dia que se constrói o amor, em cada momento em cada ato que pode ser de amor ... ou não. Ternura e gentileza nos pequenos atos podem ser de certa forma o lado tangível do amor, são nos atos de carinho que se mostra que o amor se faz presente, é  num afago, num bilhete escondido, um simples beijinho, num entrelace de dedos que se demonstra que outra pessoas esta presente em nossos pensamentos. Pode se dizer que são meras banalidades, mais são coisas que o dinheiro não compra e que são acessíveis a qualquer um que queira demonstrar o seu amor. Afeto, carinho, cuidado e atenção dessa forma se ganha a confiança de que se faz pelo outro, tudo que o outro faria por você. Essa certeza da reciprocidade, nos dá a confiança e a gratidão para viver um grande amor sem preocupações ou aparências, com zelo leveza e paz.

Sempre existe uma fragilidade então, o amor tem que nos fazer atentos e instigar nossos não tão nobres sentimentos, e essa atenção gera todo o dinamismo do amor, podemos invocar nossa parte consciente para refletir de que forma um amor pode continuar nos trazendo felicidade, caso contrário é melhor que nos deixe para que possamos caminhar em paz com nossa consciência. Para que possamos seguir com retidão. Para que tenhamos a liberdade para escolher, nem que seja a escolha pela vida mas que seja vivida com amor, pois é ele o bálsamo da vida.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Tropeçar não é cair ... mas é meio caminho andado

Todos nós temos que olhar para trás pensando que nossa história foi feita de tropeços, cicatrizes e ... principalmente, superação. Todos enfrentam adversidades pela vida, e a forma como vamos tratar essas adversidades é o que pode nos diferenciar de ter uma vida de sucesso ou de fracasso.Existem momentos em que o melhor é ficar parado, pensando no que fazer, ou nem mesmo isso! Pode ser que seja um tempo para captar energias a partir do ócio. Olhar pro passado muitas vezes nos cobre com uma aura de sentimentalismos. Porém,o que aconteceu com você até agora pode no máximo lhe dar forças para superações futuras baseado nas nossas cicatrizes, e reconhecer nosso particular jeito de pensar e agir. O que aconteceu com você até agora não é o que vai definir o seu futuro e, sim a maneira como você vai reagir a tudo o que lhe aconteceu. Lamentar o passado não nos mostra nada de vantajoso para o nosso futuro, e nos deixa parados no presente. Somos nós que construímos o nosso presente e o nosso futuro, aprender com os nossos erros pode nos remeter a ver o passado sob outra perspectiva, e isso é o máximo que podemos aproveitar do que já passou.O que importa não é o que passou, mas o que você vai fazer com o que ainda está por vir, e esse tipo de decisão é pessoal e intransferível e faz parte do nosso livre arbítrio.

Persistir em erros, como o ditado já diz, é um símbolo de burrice. Quando erramos temos que superar logo o erro e seguir pelo caminho correto, o erro deve ficar rapidamente para trás para que possamos evoluir com os erros, ao invés disso, costumamos perder tempo e não ultrapassar nossos desafios. E qual a vantagem em apontar os erros dos outros? Fazendo isso,mais uma vez, perdemos o nosso tempo com algo que não é produtivo.Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos. Somente vendo o que erramos é que é possível nos corrigir ,e isso demanda superação e gera uma evolução.

Ver o horizonte onde podemos chegar é um pouco do que chamamos de ter sucesso na vida, nem que esse sucesso seja deitar a cabeçab tranquilamente no travesseiro a noite, ou ganhar o respeito e o afeto das pessoas, ou colocar uma criança no mundo, ou fazer um trabalho honroso.Ter sucesso é um pouco do nosso próprio ego sendo posto a prova, mas da mesma forma como temos que abrir os olhos e não sermos arrogantes aos fracassos, temos que entender o que é o sucesso e estarmos abertos a ele. O interessante é termos pequenos ciclos de sucesso, que possam nos motivar a continuar tentando sempre. Ajudar ao próximo, fazer caridade, parece ser um tipo de idéia inatingível, já ajudar uma senhora a atravessar a rua pode ser um sinal de sucesso bem mais concreto para nos orgulharmos.

Olhando as perspectivas futuras com entusiasmo, e tendo paz de espírito é possível traçar planos e estratégias vencedoras. O homem é muito maior e mais forte do que pensa ser, portanto num coração de amor e bondade, é possível ter a paz necessária para a reflexão correta das nossas ações futuras. Dando mais valor ao que temos, do que ao que perdemos, podemos viver em gratidão, e gratidão gera o amor e o amor é a paz que temos para livre escolher.

quarta-feira, outubro 16, 2013

Insatisfação e a legitimidade de protestar

Protestos ou maniFESTAção, estamos diante do que afinal ? Professores pedindo aumento de salário ou abusando do direito de greve e usando o povo como massa de manobra? Médicos pedindo melhores condições de trabalho ou alimentando seu já conhecido corporativismo? Durante toda a história, a insatisfação sempre foi maior na cabeça dos jovens (que graças a Deus) tem o ímpeto de mudar o mundo, nem que seja com um novo corte de cabelo, um jeans esfarrapado ou uma tatuagem. Os jovens carregam em si o estopim da mudança, em geral são eles que vão para as ruas e que saem do conforto do lar para abraçar causas (e nem sempre são causas tão nobres).

Analisando alguns dos movimento populares fortes desde os estudantes franceses em 68, vemos os pacifistas americanos contra a guerra do Vietnam mas que se tornaram os yuppies da era Reagan, vemos que foram os jovens que se rebelaram numa China ainda comunista e que clamava por mudanças que vieram a levá-la a potência "capitalista" que é hoje, mesmo sem a tão falada liberdade. Num passado mais recente tivemos eclosão nos subúrbios de Paris, reivindicando inclusive contra a Copa do mundo da França, Seattle em 1999 contra resoluções da OMC, Davos em 2000 contra o Fórum Econômico Mundial, ou Inglaterra em 2010 contra os cortes no orçamento da Educação, um exemplo seguido na Espanha, Grécia em 2011 contra o massacre econômico ou Nova York 2011 no Occupy Wall Street. Mas o que parece ser a grande inspiração dos protestos brasileiros sem dúvida nenhuma é a revolução burguesa ocorrida na França em 1789, porque foram remeter a um ato tão remoto? Existe também a inspiração na Primavera Árabe que até hoje causa rebuliços no mundo, os movimentos na Tunísia em 2010, Egito em 2011 e Líbia em 2011 derrubaram seus governos. Na Síria, Jordânia, Yemen, Argélia e Bahrein ainda existe muita insatisfação. Em todos esses movimentos não se via um líder político único ou uma ideologia predominante, tudo organizado pela internet por jovens que sabiam o que não queriam (corrupção, desemprego, neoliberalismo, ditadura, corte de direitos sociais, alta no custo de vida e descaso dos políticos constituídos) ...mas que não sabem o que realmente QUEREM. 

Devido a descrença nos falidos sistemas políticos esse jovens não se identificam mais com siglas partidárias ou não se vêem encaixotados por alguma ideologia, dessa forma, fica difícil propor melhorias reais ou mesmo aproximar um político que os represente. Gritar nas ruas tem muito mais eco hoje que o voto de anos atrás, mas só gritar parece não adiantar. Quebram, aparecem na mídia seus gritos ecoam muito mais que qualquer "abraço simbólico à Lagoa Rodrigo de Freitas contra a violência" ou mesmo carinhas juvenis pintadas de verde e amarelo, dessa forma nunca conseguiram nada ... o grito que vem das ruas é forte e poderoso, mas se não viesse seguido de algo que o legitimasse não incomodaria tanto, na contramão da ordem estabelecida, pedem renúncias, depredam patrimônio público e símbolos que não os representam (consulados americanos, empresas telefônicas, bancos, o Estado) instituições que passaram anos achacando e lucrando com base na espoliação social. 

Foi esse grito que fez o governo federal acelerar a reforma política (promessa de campanha do primeiro governo do PT, mas já aventada nos 15 anos que se passaram). É a primeira reforma estrutural e falta muito pra acabar, existe ainda a reforma previdenciária, a reforma agrária, a tributária. Porém esse "jovens baderneiros" deviam usar de outras armas, para ganhar de vez a legitimidade que precisam, não basta apontar as mazelas e sim propor soluções viáveis sem a utopia dos tempos juvenis. Não basta quebrar um ponto de ônibus mas usar o transporte coletivo, não basta atear fogo numa empresa de telefonia, mas fazer uso do consumo consciente. Apontar alternativas para o mundo e discuti-las democraticamente, ao invés do velho cenário onde se fertilizam regimes de exceção.

sexta-feira, outubro 04, 2013

A nobre cadeia dos sentimentos nobres

 Escrito em 09/09/99

Então das almas se encontram e chega um momento em que a atração física fica pra trás ...mas é carregada nos olhos e aí, vem meio que fora de ordem, a paixão; só que ela também fica prá trás trazendo consigo ... o tesão que fica pra trás também. A carga que carregamos de atração, paixão, tesão não parece nem um pouco pesada quando vem o amor ... ah o amor! Deixa tudo sublime, carrega uma série de coisas, mas deixa tudo leve como se estivessem sem peso. O amor pode ser eterno mas também não se sustenta sozinho, amar pede convívio e nessa fase diferenças acabam desequilibrando todo o conjunto que a bem pouco seria tão harmonioso.  
Do convívio para a intimidade, da intimidade para a compreensão ... são uma série de sentimentos nobres que vão sendo puxados por tantos outros. Como numa beleza de movimentos onde o vento move a folha, a folha balança a flor, que por sua vez faz cair a semente que gera a árvore e que faz sombra para a brisa fresca levar outra folha ...
O mundo está em constante rotação assim como nossos sentimentos, eles mudam, se alternam, dão lugar a outros (por vezes menos nobres). O importante é sempre deixar que eles aflorem para manter essa cadeia rodando. Uma vez que sufocamos os nossos sentimentos outros tantos serão perdidos e não será possível viver na plenitude da vida.

terça-feira, outubro 01, 2013

O tempo de florir

Espalhamos com o vento 
A nobre semente do nosso amor
Sementes que o vento levou
De campos férteis a florir com o tempo
De firme coragem de resistir à dor
E o uivo do vento ecoou

Perpetuando nossa era
Com a chegada da primavera
Da primeira semente chegou um rebento
A segunda floriu com o tempo
E nosso campo esgotou
Das sementes do nosso amor

Mas campos floridos que sempre serão 
Eternos para a nossa inspiração
Coloridos ao raiar do dia
Na fertilidade que havia
Busco sementes para germinar
Com lágrimas do entardecer

E um dia hei de encontrar 
Campos férteis para florir
Depois das sementes ver partir

Como se parte um coração