segunda-feira, agosto 13, 2018

O aprender e o ensinar


Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa e ignoramos outras. Isso nos dá diariamente uma oportunidade enorme de aprendermos sempre. Não é a questão de transformar o mundo pela educação, é preciso começar antes tentando mudar as pessoas, aí sim, pelo braço da educação  e depois seguir esse passo mudando o mundo através das pessoas transformadas que a educação criou. 



Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as amplas possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção, porém muitas vezes antes de construir algo é preciso destruir outras coisas que estão no mesmo lugar. Abrir mão de um dito conhecimento por outro é um processo que deve mexer não só com o pensamento mas com o sentimento pois desconstruir para depois construir é abdicar de muito esforço que já nos dispusemos a fazer durante a vida. Para isso, é bom lembrar que o universo está sempre em movimento, e nossa vida também é regida por esse vetor. Não somos um processo a parte do mundo ou do universo que nos rodeia, estamos inseridos nele como um processo dentro de outros tantos processos, todos se movimentando sempre, todos evoluindo na medida em que saem da inércia.

O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer uma ação transformadora sobre a nossa realidade demandando uma busca constante que vai implicar em invenções e reinvenções.... construções e desconstruções.

segunda-feira, julho 30, 2018

Manhã em Madrid

Se amanhã de manhã
Eu te acordar com um beijo e croissant
É porque a noite foi boa
Mas se eu te acordar incansável
Com um beijo e uma broa
É porque a noite foi louvável
Como noite de estreia
Ou manhã de geleia
No seu desejum

Uma noite incomum
Como as manhãs de tapioca
Ou noite idiota
Te tendo irritada
Para te acordar com torrada
Esquecendo da mágoa
Te oferecendo coalhada
.....Ou ovo mexido
Depois de tê-la curtido
Com seu Remelexo
Te acordar com desleixo
Para uma outra Invernada

Beijos de mel
Em noite de céu
Estrelado de amor

Se não te acordar
É para contemplar teu sono
Depois de uma noite amada
Com a roupa espalhada
E um beijo singelo
de boa noite....

Noites se confundem com dias
Te acordo bebendo sangria
Para recomeçar uma noite de dia
sem beijo .... sem nada
Para sempre...
Entrelaçam nossos dedos
Nessa longa caminhada

segunda-feira, maio 14, 2018

20 sensações para sentir


  1. Banho de chuva no verão
  2. Chorar por amor
  3. Ouvir música sozinho no escuro
  4. Andar de mãos dadas
  5. Ver um nascer do sol em qualquer lugar
  6. Ver um por do sol na praia
  7. Brisa fria no rosto
  8. Um abraço apertado
  9. Chorar de alegria
  10. Andar de bicicleta com filhos
  11. Dor de barriga de tanto gargalhar
  12. Contemplar a grandiosidade do mundo
  13. Gratidão pela vida
  14. Gratidão pelos seus antepassados
  15. Gratidão pelo trabalho que traz comida à sua mesa
  16. Bater papo com mendigo
  17. Dar razão pra velhinho sem razão
  18. Dar comida para quem precisa
  19. Dar um abraço para quem precisa
  20. Mudar a vida de alguém


Quantas dessas sensações você já teve? Quantas você cultiva?


sábado, maio 12, 2018

30 músicas para ouvir


  1. Cavatina (tema de The Deep Hunter) - Stanley Myer
  2. The Winner Takes it All - Abba
  3. Comfortably Numb - Pink Floyd
  4. Us and Them -  Pink Floyd
  5. Sultans Of Swing - Dire Straits
  6. Sexual Healing Marvin Gaye
  7. Have you ever Seen the Rain - Creendence
  8. Every Breath you Take - The Police
  9. Don´t Stop Believin - Journey
  10. Pain Lies On The Riverside - Live
  11. Sweet Child O´Mine - Guns N´Roses
  12. New Year´s Days - U2
  13. The Logical Song - Supertramp
  14. My Way - Elvis Presley
  15. Total Eclipse of the heart - Bonnie Tyler
  16. Lord is it Mine - Supertramp
  17. Por Brilho - Oswaldo Montenegro
  18. Love Of My Life - Queen
  19. Stand By Me  - Jonh Lennon
  20. Tente Outra Vez - Raul Seixas
  21. Águas de Março - Tom Jobim
  22. O Bêbado e a Equilibrista - Elis Regina
  23. Força Estranha - Roberto Carlos
  24. Something - Beatles
  25. Rhapsody on a Theme of Paganini Op 43 - Rhachmanioff
  26. Bring on the Night - Sting
  27. Laura - Charlie Parker
  28. Caravansary - Kitaro
  29. Etude Opus 10 No3 Tristesse - Chopin
  30. Guru Sharanam - Tomaz Lima
Qual é a sua lista ? Alguma interseção com a minha?

sexta-feira, maio 11, 2018

50 filmes para ver


  1. Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994)
  2. Coringa
  3. …E o Vento Levou (1939)
  4. Em algum lugar do Oeste
  5. A Lista de Schindler (1993)
  6. Sociedade dos poetas mortos
  7. Um Sonho de Liberdade (1994)
  8. O Poderoso Chefão (1972)
  9. O Poderoso Chefão: Parte II (1974)
  10. Os intocáveis 
  11. O Franco-Atirador (1978)
  12. Up – Altas Aventuras (2009)
  13. Rocky, um Lutador (1976)
  14. Coração Valente (1995)
  15. Seven – Os Sete Crimes Capitais (1995)
  16. Platoon
  17. Gladiador (2000)
  18. Gênio Indomável (1997)
  19. Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993)
  20. Titanic (1997)
  21. Toy Story (1995)
  22. Alien, o Oitavo Passageiro (1979)
  23. Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982)
  24. O Silêncio dos Inocentes (1991)
  25. O Encouraçado Potemkin (1925)
  26. A Caçada ao Outubro Vermelho (1990)
  27. A Dança dos Vampiros (1967)
  28. Tempos Modernos (1936)
  29. O Grande Ditador (1940)
  30. Pulp Fiction – 1994 
  31. A vida é Bela 
  32. Central do Brasil
  33. O Campeão 
  34. Quatrilho
  35. O menino que descobriu o vento 
  36. Lendas da Paixão
  37. 1942
  38. Rain man
  39. Black Rain a coragem de uma raça
  40. Casablanca (1942)
  41. Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981)
  42. Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967)
  43. JFK
  44. Apolo 13
  45. Amadeus (1984)
  46. O segredo da cela 7
  47. O segredo dos seus olhos 
  48. A espera de um milagre
  49. Pulp Fiction 
  50. Cidade de Deus
Qual é a sua lista ? Alguma interseção com a minha?


terça-feira, abril 10, 2018

O jeito gaúcho de ser


Um dia desses andando pelo bairro encontrei com um amigo gaúcho (ele é meio falsificado, mas tudo bem, torcendo pro Grêmio consegue se enquadrar no estereótipo). Um cara da paz, de pensamento fluido, sangue fervente nas veias. Enquanto conversava com ele foi  fazendo-se a imagem de outros gaúchos que conheço (gremistas e colorados), todos tão diferentes do brasileiro do norte, eis que passei o dia refletindo sobre os porquês dessas diferenças.
Pode ser por influência dos índios brutos que habitavam a região, pode ser pela colonização tardia, pode ser porque foi o que os portugueses não quiseram e pelo que os espanhóis não priorizaram, pode ser pelo isolamento do litoral de difícil navegação, pelo mate, pelo frio, pelo ouro que não existia, pelas histórias novelescas e míticas criadas pelo “farroupilhismo”.
O sul do Brasil teve um corte geológico, quando da separação dos continentes que fez com que seu litoral fosse retilíneo desde Laguna em Santa Catarina até Punta del Este no Uruguai. Um lugar de difícil acesso para a navegação e atracação foi negativamente decisivo numa época de conquistas marítimas e por essa razão um lugar deixado de lado pelos portugueses quando assinaram o Tratado de Tordesilhas. Aí o litoral sul ficou abandonado até descobrirem que o magnífico Rio da Prata dava acesso a um povo riquíssimo que se cobria de ouro e prata, para entrar nesse caminho ao ouro era preciso dominar a foz do rio e para isso os portugueses fundaram Colônia do Sacramento. o caminho até os Incas acabou sendo feito por Pizarro pelo norte e aí o interesse pela região diminui mais ainda.
Sem o poder e a força de um Estado europeu, os habitantes originais foram poupados da influência dos brancos por um bom tempo, a matriz indígena do sul do Brasil é diferente do resto do Brasil (predominante Tupis, Tamoios, Tupinambás, Goytacazes e povos amazônicos). Ainda que houvessem alguns Guaranis oriundos do Paraguai, os Carijós e Charruas eram os que originaram essas matrizes. Eram índios aguerridos, acostumado com o frio, com guerras e com uma força cultural que perdura até hoje.  Como a ocupação e domesticação dos nativos não pode ser feita por via marítima, tropeiros de Sorocaba desceram pelo interior para ocupara uma terra praticamente vazia, esse contato dos cavalos pelos tropeiros acabou transformando esses índios em cavaleiros-guerreiros, rompendo de vez com a ideia do bom selvagem, eis o primeiro paradigma quebrado pelo gaúcho.
Vieram então as Missões jesuíticas, com intuito de criar reduções do ambiente civilizado e assim domesticar nativos impondo a fé cristã, não somente a fé portuguesa ou espanhola, mas a ordem vinda direto do Vaticano. Os índios não domesticados, irreduzíveis, irredutíveis, acabaram sendo exterminados, mas não sem antes deixar um legado cultural de churrasco de chão, chimarrão e vestimentas. Os domesticados, trabalharam nas missões para cultivar entre outras coisas uma planta fibrosa usada para se tecer e criar cordas nesses pequenos núcleos de civilização, o Cânhamo. A ocupação final se deu depois da destruição por completa das missões quando portugueses receberam migrações açorianas e posteriormente no segundo reinado porções de terras virgens foram dadas a alemães e italianos que vagavam fugindo das guerras de formação de seus estados independentes, a área escolhida para ocupação foi uma região pouco ambicionada e sem grandes aberturas para o litoral, as serras gaúchas. Isso deu mais ingredientes para a diferenciação cultural do gaúcho.
Por fim o fato novelesco que deu alma ao jeito gaúcho de ser... a revolução farroupilha! Em 20 de setembro de 1835 estancieiros raivosos contra os altos impostos que a corte regencial cobrava de seu charque transformaram essa raiva fiscal numa revolução separatista e republicana. Até aí nada demais ... uma revolta  no período regencial assim como a Sabinada e a Balaiada. O diferencial se deu 100 anos depois quando um gaudilho toma o poder na revolução de 1930. Foi o gaúcho Getúlio Vargas que ressurge com a ideia de simbolizar em si a mística do guerreiro gaúcho, era preciso romper com o elo paulista e mineiro da república do café com leite, levando ao poder algo novo e diferente também do centro tradicional de poder carioca  ou das oligarquias nordestinas, o sul precisava surgir no panorama nacional relembrando figuras heroicas como Bento Gonçalves, Anita Garibaldi e Garibaldi, para isso usa escritores famosos para criar essa memória fantasiosa dando uma aura genuína ao jeito gaúcho de ser.

terça-feira, março 27, 2018

Natureza globalizada

Pode parecer óbvio que toda a natureza esteja interligada, o solo, a água, o ar, plantas e animais convivem em sistemas muito mais complexos do que se imaginava há décadas atrás. A medida que a ciência avança e que podemos processar um volume maior de informações vamos vendo que o conceito de globalização que é recente para o ser humano, já é usado a milênios pela natureza.

Existem mega processos naturais que são muito maiores que o ciclo da água que você estudou na escola, esse mesmo ciclo envolve verdadeiros rios aéreos que levam água vital de regões de alta pressão atmosférica para outras de baixa pressão. Existem oceanos imensos no subsolo, sociedades inteiras de animais que vivem em cavernas. Muito disso está interligado de forma organizada e inteligente, gerando muita causa e efeito: um terremoto na India pode gerar um tsunami no Japão. Um vulcão em erupção no Chile pode fazer a temperatura global ser afetada pelo despejo de partículas na atmosfera. A corrente fria dos mares do pacífico influencia o clima no Atlântico. Tudo é muito intrínseco, peculiar e está ocorrendo num volume tão grande a nossa volta e não nos damos conta disso, somos como formiguinhas e só reparamos nos resultados desses processos, que nem sempre são benéficos ao homem.

Milhões de partículas de sais se desprendem das geleiras da Antártica todos os anos no verão. A medida que essa massa densa de alimento flui para o norte e chega perto dos trópicos, vai emergindo das profundezas do mar com o aumento da temperatura e diminuição da sua densidade. Esse fluxo de sais por não receber luz solar acaba atravessando milhares de quilômetros para ser consumido pelo fitoplancton dos mares tropicais, aí já com sol abundante se dá o maior processo de fotossíntese do planeta gerando muito material orgânico que cruza o oceano Atlântico alimentando toda a fauna marinha, krills, camarões, sardinhas, barracudas, baleias, no litoral do Rio de Janeiro e Espirito Santo se dá o ápice desse fenômeno de ressurgência, daí o fluxo pesqueiro intenso na região de Arraial do Cabo, peixes pequenos com metabolismo e teor de gordura altos para aguentar as baixas temperaturas, dão lugar e peixes grandes do nordeste brasileiros que se alimentam de grandes cardumes.

Aves canadenses em movimento migratório para o sul encontram, exóticas aves tropicais na amazônia, grandes animais africanos cruzam o continente buscando água nos períodos de seca e sabem exatamente onde, meses depois de sua cruzada pela planície do Serengeti, haverá chuva abundante. O volume de polinização das abelhas ainda hoje é o principal responsável por alimentar o mundo, sim somos pequenos diante dessas forças da natureza porém estamos comprometendo vários desses ciclos que nem ao certo reconhecemos. Até hoje muito de fala sobre as causas do efeito estufa mas pouco se comprova, se a queima de combustível fóssil compromete ou não a temperatura da terra, o avanço para outros combustíveis se dará muito mais por questões tecnológicas do que ambientais. 

O homem acha que é o todo poderoso no mundo mas não consegue combater sua pobreza, sua incapacidade de conviver em harmonia com seus semelhantes, é pequeno diante da Terra, basta ver que o comércio é global, a comunicação instantânea mas ainda hoje não temos capacidade de prever muitas coisas simples como um simples cair de uma folha ou não temos abrangência de cobertura de rede de celulares maior que 15% do globo. Ainda sim explicamos a bela e poética neve européia no deserto do Saara ou as tempestades de areia pintando de marrom os picos enevados dos Alpes Suíços. 

Se existe vida nesse grão de areia em que vivemos é por equilibradas influências magnéticas da Lua e energéticas do Sol. "Há uma beleza de movimentos num equilíbrio internamente reconhecidos em qualquer planeta saudável para seres humanos, você pode ver nessa beleza um dinâmico efeito estabilizador essencial a toda a forma de vida. Seu objetivo é simples: manter e produzir padrões coordenados de diversidade cada vez maior. A vida aumenta a capacidade de sustentação da vida num sistema fechado. A vida - todas as suas formas - está a serviço da vida. Os nutrientes necessários tornam-se disponíveis, através da vida, para servirem a outros tipos de vida de variedade cada vez maior, à medida que aumenta a diversidade dessa imensa vida. Toda a paisagem se torna viva, então cheia de relacionamentos e relacionamentos dentro de relacionamentos." - Frank Hebert em Duna.