sexta-feira, dezembro 16, 2016

Palestina

Faixa de Gaza, 1989 auge dos confrontos entre o Estado de Israel, a FPLP, o Hamas e a Fatah ... muitos campos de refugiados onde se vivia em completa miséria e onde a tensão de ódio era tamanha a ponto de guardas do exército, pararem seus carrors de guerra em frente a escolas, só para incitar os ânimos e provocar a ira de alunos (crianças em sua maioria), após a primeira pedrada das crianças ... gás lacrimogêneo, balas de borracha e muitas vezes armamento convencional. Nesse ano de 89 na faixa de Gaza houveram 3779 mortes por tiros desses, 1.506 eram crianças entre 6 e 15 anos e 33 tinham 5 anos ou menos.
Nessa mesma região, meses depois um jovem casado, com um filho recém nascido e que, por sorte tinha emprego. Resolveu um dia entrar num ônibus com 15 israelenses, matar o motorista e jogar o ônibus de um penhasco matando a todos, ele não seguia ordens da Fatah, da Frente Nacional para Libertação da Palestina e nem mesmo do Hamas, não existia o Estado Islâmico e a Al-Qaeda tinha pouca influência na região. Foi uma explosão pessoal, movido por um ódio que ninguém sabe ao certo quando começou pois motivos eram muitos vivendo numa região como essa, era órfão de pai pois o mesmo morreu na guerra, seu melhor amigo havia morrido 9 meses antes com um tiro na espinha, seu filho chorava a cada barulho de bomba.  
Fatos como esses geram o radicalismo do mundo, um mundo onde impera o ódio e onde o revanchismo não acaba jamais... fatos como esse,s geram bombas relógio prestes a explodir na Turquia, em Israel, na Arábia Saudita, no Yemén, em Paris, Bruxelas ou numa torre em Nova York. Não são fatos isolados na Palestina, em Cuba ou no Kosovo, não é uma Aleppo sitiada ou o cerco de Belgrado é um ódio contido em nossos corações, mas nem sempre ele se contém... um vazamento desse ódio alimenta diariamente os traficantes da Cidade de Deus. Uma ganância desenfreada que leva aviões a atravessar os andes sem combustível. Tudo está errado na humanidade e o ódio começa dentro de nós!

quinta-feira, dezembro 15, 2016

Aleppo

Não me sai da cabeça o show de atrocidades que acontecem nesse momento na cidade de Aleppo, não são as primeiras notícias assim, infelizmente não serão as últimas, acontecem lá ... acontecem aqui. Náo precisamos puxar muito da memória e nem recorrer aos abusos da segunda guerra. Genocídios assim ocorreram em Belgrado, no Kosofo, no Iraque curdo, em Zagreb, em Gaza, Líbia. Esse acontece AGORA, causa perplexidade de poucos e indiferença de milhões. 

Caso ainda não saiba o que está acontecendo debaixo de nossos narizes ... em 2011, sob a luz da primavera árabe, jovens picharam muros contra o desemprego e a corrupção do governo Bashar al-Assad, foram reprimidos e torturados por isso. Manifestações se formaram e foram fortemente reprimidas por forças do governo. Criou-se um movimento de ódio cíclico, o povo se levantava contra o governo, esse os reprimia com violência e mais eco formava pelas ruas... formaram-se grupos rebeldes contra o governo e os enfrentamentos chegaram em 2012 a capital Damasco e a segunda cidade do país Aleppo. Eis então que os conflitos criam contorno de guerra sectária islamica entre Sunitas (maioria da população) e Xiitas (grupos pró governo), isto criou uma outra dimensão para o conflito, radicais e jihadistas - partidários da "guerra santa" islâmica passaram a atuar no conflito, entram em cena o Estado Islâmico e a Frente Nusra, afiliada à Al-Qaeda. Criou-se então uma guerra dentro da guerra, com o EI dominando, com truculência, grandes porções do território, não apoiam ninguém nem opositores moderados do governo e nem governistas, a sua entrada no conflito mostra um completo descontrole da região. 

Minorias curdas que fugiam do norte do Iraque também entram no conflito com apoio americano mas evitando o conflito direto com as forças governistas, já a Rússia apoia Bashar al-Assad pois esse defende os interesses de Mosco na região. Os Estados Unidos culpam Assad pela maior parte das atrocidades cometidas no conflito e exigem que ele deixe o poder como pré-condição para a paz. O Irã, de maioria xiita, é o aliado mais próximo de Bashar al-Assad. A Síria é o principal ponto de trânsito de armamentos que Teerã envia para o movimento Hezbollah no Líbano - a milícia também enviou milhares de combatentes para apoiar as forças sírias. Além disso Quatar, Turquia e Jordânia apoiam os rebeldes com bilhões de dólares envolvidos na região.

A ONU estima que em 5 anos a guerra tenha deixado cerca de 400 mil mortos e provocado um êxodo de mais de 4,5 milhões de pessoas do país. Só 10% desses vão para a Europa Ocidental. A ONU disse que são necessários US$ 3,2 bilhões para prover ajuda humanitária a 13,5 milhões de pessoas - incluindo seis milhões de crianças - no país. Cerca de 500 mil pessoas vivem sob o cerco de forças de segurança ou rebeldes. Além disso, 70% da população não tem acesso a água potável. Chegamos então a Aleppo (controlada por rebeldes), onde os grandes grupos brigam para levar alguma vantagem numa futura negociação de paz onde os territórios ocupados podem ser mantidos. Pessoas comuns mandam mensagens pela internet se despedindo por estarem a metros dos conflitos, pais matam suas filhas e esposas para não as deixar serem estupradas até a morte. 250.000 pessoas tentam deixar as zonas leste da cidade em meio a um fogo cruzado entre rebeldes e tropas do governo Sírio.

Essas palavras não acabaram com uma guerra, não salvarão uma vida sequer, no máximo chamará você leitor para uma reflexão sobre como vidas normais são esmagadas por conflitos que se alimentam de ódio, e muitas vezes esse ódio não nasce pela mão de superpotências mas pela falta de humanidade geral que temos ao virar nossas costas contra as injustiças.

quarta-feira, dezembro 14, 2016

Quanto vale uma vida?

Se pararmos para olhar atentamente 10 minutos do nosso noticiário ao invés de assimilarmos passivamente o que falam, vamos constatar que a humanidade entrou num declínio e que o que temos de mais precioso, a nossa vida, não vale um vintém! Modernidades tecnológicas, avanços da medicina, melhorias industriais, tudo criado para preservar e dar mais conforto à nossa existência, logo o Ser humano que conhece tão pouco de si... por não se conhecer inteiramente nem sabemos ao certo o que queremos e para onde vamos, seguimos o fluxo, passivamente como assistimos aos noticiários.

Nossa vida se tornou algo banal, costuma-se dizer em grandes corporações que somos somente um número, estamos nos tornando realmente isso, e um número completamente descartável dentro das estatísticas. Uma vida sempre é mais importante que um óbito a não ser que deixemos perder nosso valor, nosso pensar, nosso poder de influir, e de usar nossa consciência para algo que torne o viver mais valioso. A passividade e a massificação das mortes vai nos deixando insensíveis perante vidas que se perdem por motivos banais.

Desde 160 vidas que se perdem na queda de um telhado de um templo religioso usado num culto que ainda estava em construção na África, até a absurda estatística de policiais mortos no Rio de Janeiro, banalidades! Se um nos insensibiliza pela distância, o outro fato causa frieza pois, se não tivermos um parente na polícia, essa guerra diária realmente gera essas estatísticas, fazer o que?  A vida é um fio, não somos nada ... Nesse momento é melhor desvalorizar a vida do que constatar que somos um fiasco em termos de humanidade, não é um processo recente, mas não preciso ir longe nos tempos em que tribos de Neandertais eram dizimadas por grupos rivais, nem mesmo os extermínio de Gengis Kan, Tarmelão, ou Huno, as atrocidades da inquisição, as cruzadas, a matança de povos pré colombianos, o genocídio Armeno de 1915, ou mesmo os 6 milhões de judeus mortos sob comando de Hitler (e é bom lembrar, não pessoalmente mortos por ele). Em resposta ao genocídio alemão, Stalin patrocinou a Vingança histórica com mais 1 milhão de alemães pagando com a mesma moeda a chacina alemã. A história recente nos mostra que o homem mata de igual forma até os dias de hoje não basta um assassino são muitos ... milhões de humanos que apertam um gatilho para matar outro humano.

 Vamos valorizar a fase mais "espiritualizada" da nossa civilização e mesmo assim vemos o terror da guerra fria que esteve por um triz de acabar com a humanidade. Mas enfim ... nesse momento se valorizou a vida e podemos até colocar esse ponto como o início de uma valorização da vida do ser humano. Ainda assim tivemos o cerco de Belgrado e no mesmo conflito dos Bálcans um extermínio bósnio com 100.000 mortos e 20.000 estupros, tivemos a matança de Curdos patrocinada por Saddam Husseim e seus aliados americanos onde 182.000 foram mortos. É bem recente a guerra civil no Timor Leste onde 200.000 estiveram em campos de concentração, ou os 800.000 mortos no genocídio de Ruanda.

Mas desvalorizar a vida não é só um mero apertar de gatilhos, são os milhões de refugiados, no Congo, em Angola, na Síria, no Iraque, em Gaza ... é a miséria de não ter o que comer nos bolsões de pobreza espalhados pelo mundo, são os excluídos do sistema econômico, é uma criança que morre numa praia européia, ou um terrorista suicida que metralha vidas, ou se explode levando consigo um pouco da nossa vergonha. É um pouco da ganância se sobrepondo à vida com uma contenção de custos porca de um avião que não chega ao destino por não ter combustível suficiente. No fim temos que nos fazer valer mais que isso tudo ou então, nos resta reconhecer que valemos menos que uma bala de revolver e assim sobreviver de alguma forma.