terça-feira, abril 04, 2023

O muito que eu vi da vida

Acho que vi muito, em tempos tão conturbados, onde o muito, nesse caso tem significado mais relacionado com  intensidade do que longevidade.

Eu vi os anos 70... também vi os anos 80, a virada de um milênio... sem esquecer da década perdida dos anos 90! Vi os anos 2000 e a apática década de 2010, mas nesse período assisti da janela de casa uma Copa do mundo, uma olimpíada, encontros pra celebrar o mundo , pensar na natureza e não trazer nenhum resultado concreto para o mundo.

Eu vi o final de uma ditadura, a redemocratização do país ... minha primeira lembrança de um feito televisivo foi o golpe dos aiatolas no Irã! Eu vi a guerra das Malvinas, eu vi o bombardeio americano na Líbia Vivi no mesmo tempo que Pelé, Zico, Platini,Zidane, Sócrates, Júnior, Éder, Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo, Romário, Ronaldinho, Ronaldinho Gaúcho, comemorei títulos, vi o samba se transformar em maior espetáculo da terra, vivi no mesmo tempo de Darcy Ribeiro, Humberto Eco, Domenico do Mazi, de Fidel Castro, de Brizola,  de Margaret Teacher, de Mitterand, de Tancredo, Covas, Obama, Reagan, de Mikhail Gorbachev pontuando seu conceito de Perestroika. Vivi um tempo e que não haviam mais Beatles como banda mas como músicos independentes , vi Tom Jobim tocar, Elis cantar, vi o Rock in Rio 1, ídolos morreram... Ayrton Sena, Michael Jackson, Paulo Gustavo, Lennon, Vangelis...

Eu vi a guerra do Irã contra o Iraque, e as duas guerras do Iraque, eu vi o vulcão krakatoa explodir, o cometa Harley passar, o novo século com novas esperanças, o impeachment de presidentes, um casamento de uma princesa inglesa e depois o divórcio da mesma, mais tarde ainda vi essa mesma princesa morrer e vi uma rainha longeva morrer. Não é comum em séculos ver um papa sofrer um atentado, um outro abdicar. 

Vi o 11 de setembro, uma guerra insana contra o terror, mais atos e atos terroristas.... Vi a espoliação do povo, o massacre contra culturas , o avanço tecnológico diante da pobreza de espírito do mundo vigente. Convivi com a falta de liberdade e com o grito sufocado dessa mesma liberdade que corria pelos cantos da China, numa primavera árabe , num cybercafe no Líbano ou em Israel. Mas ao mesmo tempo era um período onde muito pouco se usou a palavra perdão !

Eu vivi uma época de prosperidade com boa parte do mundo ainda passando fome. Eu vivi a revolução da tecnologia e da informação, convivendo ainda com taxas de analfabetismo. Vivi o ápice da longevidade humana Graças aos avanços da pesquisa na área de saúde numa mesma época em que uma pandemia assolou o mundo. Além dos tempos da aids, do ebola da dengue e da febre amarela. Acompanhei de perto uma crise do petróleo, crises da bolsa, epopeia da China que saiu da idade média para ser a maior potência mundial, acompanhei os tigres asiáticos, a derrocada do socialismo com a queda do muro de Berlim, vivi tempos de guerra fria, o final de países e a criação de outros, uma completa mudança no cenário geopolítico mundial.  O final da cortina de ferro o desmembramento de países com o final da União soviética. 

 Vi o futuro ser construído, o passado ser resgatado mas muito do nosso presente ser apagado com as atitudes rasas das pessoas que vêem tudo passar pela sua frente de forma passiva e sem se dar conta que isso é a história que vai ficar do nosso tempo. Me dá até um certo cansaço lembrar disso tudo, me sinto velho mas um típico espectador ativo dos novos tempos pois não paro de refletir sobre os efeitos causais das coisas que ainda estão por vir, porque o tempo não é só um trem que passa diante dos nossos olhos na estação , muitas vezes podemos adentrar nesse trem e viver a experiência dessa viagem.