Usar a palavra é um dos poucos meios que dispomos de entrar para a posteridade, não que seja esse o meu intuito aqui nesse espaço. Meu intuito é somente tornar público o que fica guardado na minha mente e nos meus escritos "secretos".
quarta-feira, outubro 12, 2022
Depressão
segunda-feira, outubro 10, 2022
O amor começa num chute
Não sou mãe ...pela ótica de pai não sei ao certo quando começa o amor pelos filhos, não sei se é no sonho de menino de um dia tê-los, não sei se é no momento em que o sonho se realiza em ouvir que o exame deu positivo, obviamente isso vai variar de pessoa para pessoa. Comigo o momento forte não foi quando eu sonhei, quando eu realizei .. mas foi quando eu concretizei! E não foi quando eu vi ali aquele meninão saindo da barriga da mãe. As preocupações foram tantas que, quando eu soube pelo telefone que o tal exame tinha dado positivo, tive um misto de alegria, amor mas o meu caráter planejador sabia que minha vida viraria de cabeça pra baixo e que a responsabilidade da vida tinha batido em minha porta. Aí vieram os nove meses de transformação, no corpo e na alma da mãe... e no meu espírito, sabia que o legado que eu estava preparando teria enfim um herdeiro a se inspirar nos meus passos. Acompanhar ressonâncias, sentir ele chutando a barriga da mãe (sim, esse é o chute que me referia no título), ou ver o parto não fizeram a minha ficha cair. Eu sempre precisei ficar sozinho para me encontrar em mim mesmo e digerir as emoções, os pensamentos e concretizar as minhas conquistas internamente. Lembro bem do dia ... 24 de abril de 2006, madrugada.. ele dormia calmamente num carrinho do berçario de número 007 eu olhava abobalhado aquela criancinha tão perfeitinha e tão frágil em seus primeiros momentos de vida (afinal quando a vida começa?!?!?), olhei o sol nascendo, sim ... como aquele menino o sol nascia como todos os dias, mas naquele dia nascia pela primeira vez pra ele, ia formando uma cor deslumbrante no céu, a mãe dormia cansada... e ali estava eu, sozinho... eu e ele! Quem fazia companhia para a minha solidão era o fruto de um momento de amor por outra pessoa. Peguei eles nos braços, uma lágrima escorreu dos meus olhos, em silencio, levei ele pela janela e o apresentei para a vida! Veja o seu mundo ! Sussurrei no seu ouvido .... estava começando ali um outro ato de amor.
O segundo filho veio em momento atribulado da minha vida, a ficha com ele deve ter demorado alguns meses mais a cair, quando eu percebi já estava amando aquela criancinha barulhenta de uma forma que transbordava a alma, não me recordava do exato momento em que esse amor veio e depois fui percebendo que era um amor bem mais suave e maduro, não brotou de uma vez só, era um amor que já existia mas que me fez acordar da letargia quando a mãe possivelmente fez brotar o amor dela por ele. Ali eu percebi que os homens só nascem de verdade para a vida quando tornam-se pais, e renascem quando vem os outros filhos. Sempre fui pai .. desde criança os filhos já estavam presentes na minha vida, nos meus sonhos, no meu destino, faltava concretizar. Se mães são como eu e precisam estar sozinhas e sentir a concretização daquilo que está acontecendo com a vida dela, essa concretização vem num chute que dão dentro da sua barriga (e eu não faço ideia da sensação que pode ter isso !!) Ali pela primeira vez a mãe sente a força do que carrega dentro de seu ventre, ali deve brotar o amor que vai carregar até os últimos dias da sua vida.
Eu posso estar sendo machista ou falando de um assunto que desconheço que não me compete, porém é algo que sinto no peito que eu pude sentir sendo pai. Um sentimento que pode até ser imperfeito mas o que é uma imperfeição ... se a perfeição da vida está em entender as imperfeições dela ?
Humanidade encurralada nos sonhos dos mortos
Vivemos num mundo vazio, tomado por informações irrelevantes, por formadores de opinião auto denominando-se influenciadores digitais que determinam o pensamento moderno, os costumes, as atitudes, o consumo. Vivemos numa humanidade à mercê do pouco uso que se faz com o que nos difere do resto das espécies, a inteligência. Mas mesmo assim ainda avançamos como civilização, tendo avanços nas ciências, medicina, criando novas formas de artes, novas formas de interação, de comunicação, indo além dos horizontes já conquistados !
E onde mais poderíamos avançar ? Que novos campos poderiam ser desenvolvidos como a tecnologia dos computadores e celulares? Se tecnicamente a humanidade avançou muito, ainda vemos a brutalidade nas relações humanas, não sabemos lidar com nossa psique, com nosso espírito, temos conceitos distorcidos de tempo, de criação, de existência. Vivemos o que aparentamos, olhamos assustados para o que somos por dentro, não cuidamos do nosso planeta, não protegemos outras espécies, não entendemos os relacionamentos de leis universais e naturais que regem a vida. Não sabemos conviver civilizadamente... O conceito de civilização começou com uma perna quebrada, ali naquele primeiro momento onde os arqueólogos descobriram uma ossada com um osso de fêmur calcificado inicia-se o conceito de civilização e de vida em sociedade. É simples explicar, num período dos homens das cavernas sair para caçar era extremamente arriscado, conseguir uma caça por si só difícil e durante muito tempo os hominídeos viviam cada um por si, uma fratura de perna significaria a inoperância para caçar, o abandono à própria sorte e ... por fim, a morte ! Mas um indivíduo que chegou a vida adulta, com uma fratura calcificada significa que ficou curado e que coube a algum semelhante cuidar dele enquanto ficava curado, esse alguém que teve pela primeira vez a empatia com seu semelhante, reforçou os laços humanos e possivelmente ali naquele esqueleto calcificado brotou pela primeira vez a gratidão! Difícil saber se foram de fato os primeiros fenômenos mas com certeza foram os primeiros que puderam ser registrados, num tempo onde a comunicação como a de hoje nos impedia de registrar a vida da civilização. Mesmo aquele esqueleto calcificando sendo tão igual a nós... nos parece tão distante, mas o DNA é fundamentalmente o mesmo, o que nos difere é o conhecimento!
O vazio é existencial, quando os valores humanos não preenchem nossa existência, a solidez da vida acaba ao menor ato de desespero onde busca-se acabar com ela. A devoção pelo que é belo deu lugar ao que vende e tem apelo comercial, não se busca mais fazer o melhor mas o que pode ser consumido rápido. Com isso não se produz arte, não come-se bem, não há conhecimento e sim informação em demasia, se mortos tem sonhos são almas penadas vagando no vazio mas o vazio é estreito porque nem ele prolifera num terreno tão infrutífero quanto o que vemos agora, gerações perdidas e sem certezas em relação ao futuro, sem construir um futuro, sem esperanças no presente, sem sonhos, sem planos e com muita religião ... muita crença e pouca fé!
domingo, abril 17, 2022
Brasil e a Educação parte 1
Educação é a única solução para o Brasil... educação é o assunto mais relegado do Brasil. É um problema histórico e que tende a ficar mais evidente a medida que impacta diretamente a qualificação educacional e consequentemente as taxas de desemprego histórico que temos atualmente no país. A educação deveria ser a área primordial de um país em desenvolvimento. A busca de novas saídas econômicas, fomentação de inovação, pesquisa de aumento de produtividade, localização de produção que gere uma soberania nacional e independência da nação, esse são só alguns dos potenciais benefícios que justifiquem o investimento em educação, mas por décadas é um assunto velado de que não há interesse político em se investir em educação, pois um povo que pensa não se ajoelha aos pés dos tiranos.
A partir de quando podemos analisar os problemas da educação no Brasil? Podíamos traçar uma linha desde o Brasil colônia, ou tomando por largada os primeiros anos do império, ou da república ... pouco faz de diferença .. os governos Vargas incluíram sim milhões de brasileiros na escola, mas ainda assim deixou uma horda de igual tamanho sem educação, houveram bons programas nos governos JK e Jango mas era apenas pequenos lampejos sem programas de governos estruturados com base na educação, colocando esse ponto como a linha mestra de um governo. Tirando muito pouca coisa de útil em toda a primeira metade do século XX o Brasil chegou aos governos militares nos anos 70 com programas de educação em massa que não buscavam mais que qualificação em educação básica, e uma baixa no analfabetismo funcional. Nada que pudesse animar um país que não podia nem ter conhecimento político, nem exercer sua cidadania plena, programas como o Mobral tinha como meta acabar com o analfabetismo em 5 anos, mas a realidade é que apenas 15% dos que entravam no programa saiam dele, os números de 11 milhões de pessoas atendidas não reflete uma baixa significativa no número de iletrados, falam de uma redução na taxa de analfabetismo na população adulta de 24% para 15% mais um número contestado que melhorias nas condições de professores para ensinar outras matérias, o pais seguiu burro, dominado e subserviente. Vieram os períodos de redemocratização e os lampejos seguiram-se poucos, programas como os CIEPs e CIACs, um pouco mais de organização na gestão do ministério da educação no governo FHC e uma redução lenta, porém constante de uma taxa de 16% nas taxas de analfabetismo em 1992 para 11% em 2002, pouquíssimos 5 pontos percentuais em uma década. Mas partir desse período já podemos buscar algumas referências de ações que possam ajudar a pensar o futuro ... aí vieram os governos do PT.
O primeiro governo Lula foi marcado por pouca prioridade com o tema, uma nova fase de redução da taxa de analfabetismo, se mostrou lenta e nem as referências internacionais de programas na Venezuela, Colômbia, Coréia do Sul, Japão, Holanda ficaram mais claras a um modelo que o Brasil poderia seguir, derrapamos mais uma vez. Quando, em 2006, Cristóvão Buarque se candidatou para presidente tendo como pauta uma proposta concreta para mudar a nação e promover a inclusão social a partir de uma revolução pela educação recebeu míseros 2,5 milhões de votos (2,6% da população). Ali ficou claro que os governos e políticos só seguiam a prioridade que o povo dava para o tema, povo que não pensa não pode ver o seu futuro... Os governos do PT privilegiaram até com certo sucesso, o acesso as universidades mas os índices de desistência se mostraram altíssimos ficando claro que temos problemas na formação da base educacional e no ensino médio, em 2010 a taxa de desistência já era alta 11,4%, em 2014 o percentual de desistências foi de 49%.
Existem raízes históricas e sociais com uma visão pouco otimista em relação ao dados que sugerem queda gradativa nos índices, a condições políticas, econômicas e sociais acabam por determinar as condições em que vai ocorrer a oferta de escolarização, quem terá acesso a ela, qual sua possibilidade de progresso, o nível que poderá ser alcançado. A visão histórica nos coloca diante de parâmetros de uma situação sobre a qual não nos é possível interferir, no entanto nos dá uma clara visão dos fatores que são determinantes para o sucesso de um programa nacional de educação, sem cuidar desses fatores, qualquer investimento em educação será mais uma tentativa temporária e frustrada de erradicar com o analfabetismo, dar qualidade ao sistema, melhorar o desempenho da mão de obra do país e propor uma nova visão de futuro para o Brasil.
Com o uso de novas tecnologias para acesso a educação podemos pensar em sistemas híbridos de ensino, onde aulas presenciais podem tratar de temas que necessitem uma maior interação e de forma virtual seja possível ter temáticas que possam fundir recursos áudio visuais com reflexão. O amplo debate de um modelo de ensino a ser seguindo de forma nacional acaba interrompendo a criação de modelos regionais, as diretrizes devem ser criadas para gestões descentralizadas com fluxos de financiamento educacional sendo geridos por gestores administrativos com formação em educação ou educadores que conheçam as entranhas do sistema burocrático. O tema é complexo e deve ser tratado como prioridade de Estado e não lampejo de um governo. Seja qual for o modelo ele deve ficar a margem de politização, porém as brigas políticas geram uma instabilidade política dentro dos próprios períodos governamentais. Sem nem entrar nas esferas estaduais ou municipais que são um verdadeiro caos, se observarmos a organização federal, que deveria manter o projeto de transformação do país pela educação, vemos um verdadeiro bater de cabeça.
O governo federal em pouco mais de 3 anos já trocou 4 ministros da educação (Milton Ribeiro, Ricardo Velez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli). Nenhum deles com apetite para ver a educação como política pública de Estado. A grande maioria dos ministros foram escolhidos não pelas experiências que puderam ter nas esferas estaduais ou municipais, não por terem em mente um plano educacional para o país e muito menos por entender do asunto. o Mote de se virar ministro da educação no Brasil é ter um viés ideológico parecido com o proposto pelo presidente. O papel de um ministro da educação no Brasil atualmente é conservador e buscar uma guerra ideológica contras as universidade onde florescem 90% da pesquisa no país. Os cortes de financiamento por contingenciamento mostrou que a educação seguia o modelo petista de ser delegada a segundo plano. Os temas eram saber se os universitários fumavam maconha ou liam Marx, se os prefeitos iam pagar propina para construção de escolas e se iam distribuir bíblias aos pastores indicados pelo presidente.
O Brasil perdeu uma pandemia inteira para de estruturar , fez uma olimpíada e um copa do mundo mas ainda segue com 80% dos municípios não tendo mais que 4 escolas, não tem estrutura física, não tem plano pedagógico, não tem valorização do professor, não tem ambição de um plano de ensino remoto, não coloca a educação como pilar essencial para crescimento sócio econômico, o que torna insustentável qualquer outra política nesse aspecto. Fomos um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão, um dos últimos a dar direito ao voto pelos analfabetos, um dos últimos países do continente americano a universalizar o acesso ao Ensino Fundamental, coisa que só aconteceu na década de 2000. Saímos de uma taxa de analfabetismo gigante para cerca de 10% atualmente mas a média de anos nas escolas em 2000 ainda era de 4,9 anos ( o que não dá nem para completar o ensino fundamental), o avanço ocorreu no governo Temer, assim como uma tendência de reforço no ensino médio atuar em tempo integral e o que foi feito disso no atual governo ? Nada!
O pilar do governo bolsonaro são as escolas cívico-militares que sim, são uma boa iniciativa ... na década de 1970, com disciplinas fortes, gastando muito conseguimos um ganho de qualidade na educação que vai nos colocar em outro patamar ... na educação, porque na competitividade econômica seguiremos sendo um pais do atraso. Não é isso que precisamos no século XXI com uma crise de desemprego batendo a nossa porta por conta de defasagem profissional, não competimos mais com outros países para ter uma mão de obra boa, competimos com a tecnologia e a inteligência artificial, a ciência de dados, o IoT, a robótica. A solução volta a ser nos modelos de ensino integral, onde saúde e educação, esporte, lazer e cultura vão se encontrar para enfim ensinar nossas crianças a pensar, ter raciocínio lógico, linguístico, conhecer nossa história e regionalidades. Aprender sobre inovação, gestão, economia doméstica, higiene sanitária, ecologia, tecnologia, ciência. Fazendo um trampolim da agenda educacional já colocaria uma prioridade de estado que estimularia o engajamento dos jovens a ter um futuro melhor. Demonstrar isso através de políticas públicas sérias e duradouras estimula o jovem a ser protagonista da sua vida e os faz sonhar com futuros melhores, isso gera um estímulo para toda a sociedade, o país cresce junto, para bancar o futuro e aí sim poderemos dizer que estaremos construindo uma geração saudável. Enquanto isso o governo está preocupado com a doutrinação ideológica nas escolas, que deve ser combatida mas que sempre existiu... para esse combate ele busca uma outra doutrinação ...a religiosa a forma mais praticada de impedir as pessoas de pensar e de ter uma cultura que não se deixa doutrinar. Seguindo o modelo atual acredito que houve um retrocesso e daria zero para a atual gestão de educação no Brasil, e como vejo esse como o ponto crucial para um bom planejamento de nação não vejo outra justificativa para repetir o zero para qualquer governo que não privilegie a educação como meta de política de Estado.
O impacto da violência na educação
Muito se estuda sobre os impactos econômicos da violência urbana na decadência da cidade, estudos de curto prazo, que indicam os prejuízos por número de homicídios, ou o número de policiais formados que caíram em combate por falta de condições básicas de trabalho enquanto a ferrugem corrói os containers superfaturados das Unidades de Polícia Pacificadora. Ninguém nunca pode estimar quais os efeitos negativos dessa violência, o desperdício de vida e de oportunidades que temos a longo prazo. Da vida interrompida drasticamente num sinal ou do futuro que não veio simplesmente porque morreu no sinal. A vida segue e o tempo faz com que nada disso pareça impactar mais do que o próximo episódio rotineiro do nosso noticiário viciado em notícias fortes.
Educação, que deveria ser a meta básica do país é renegada a segundo plano e ainda sofre um revés diário em função de outras coisas que andam mal, desde o investimento em pesquisa que derrapa na dificuldade econômica, até o aluno que perde as aulas porque pegou dengue. Tudo ... simplesmente tudo impacta o futuro que queremos para as nossas crianças, da sub nutrição na infância, a falta de oportunidade, a educação é o passo atrás que não podemos ter. É o tiro de fuzil que esfacela nossa esperança num amanhã melhor para todos nós.
terça-feira, abril 12, 2022
Brasil e a educação parte 2
Um dos muitos debates paralelos é sobre como alfabetizar, o que deveria ser algo para andarmos para frente passou a ser uma disputa ideológica diante de um cenário gravíssimo que não muda há décadas. Atualmente mais de 50% dos estudantes brasileiros de 8 anos não sabem ler adequadamente e 35% desses não conseguem escrever.
Essa deficiência nos primeiros anos da infância funciona como uma bola de neve, ceifam vidas e futuros. Muitos tem mais dificuldade em aprender depois e começam a reprovar em outras matérias pois não conseguem adquirir a compreensão que estão nos livros, dessa forma abandonam as escolas em poucos anos.
domingo, março 27, 2022
A liberdade mais sagrada é a liberdade de pensar
Como ser livre se temos nosso pensamento preso em ideologias, que não são as nossas, em crenças que nos são impostas, em pensamentos da grande maioria? Um dos maiores desafios que enfrentamos na vida é sermos quem a gente é, e a imposição para sermos massa de manobra começa nas imposições que vem como inocentes expectativas dos nossos pais para a nossa vida, mas o rol de imposições menos inocentes começam com as religiões que forçam o indivíduo a crer aos invés de compreender o mundo em que vivemos, isso cria uma paralisia ao nosso pensar... atrofiamos. Por não pensar, achamos normal consumir a vida dos outros ... alimentando-se do que não é nosso passamos a não ser a gente mesmo. A roupa ...é a da moda, a comida ....é a que vemos todos comerem, o estilo de vida ... é o que passa na televisão, o que é melhor para as nossas próprias vidas ... é o que aparece nas redes sociais.
segunda-feira, janeiro 10, 2022
Loucura de poeta
A tarde transcorre calme e quente, nas ruas o Sol fervilha de gente. O frenesi e o frisson estão em todas as mentes. É um dia normal de uma vida anormal ....ninguém consegue parar .... poucos ouvem a suas respirações, ofegantes e tristes. Os homens passam a vida sem olhar pro lado, sem olhar pro alto, sem contemplar uma estrela, ver o mar ou ouvir o barulho do vento. O mundo inteiro passa silencioso em vidas que se constroem vazias.
Acabou o encanto, acabou a poesia, de viver no balanço do mar, e beber maresia. Então a retidão das linhas entram em nossa casa sem cores, nas linhas de um pré moldado que, no nosso quarto, parece tomar conta da gente ficamos meio que pré moldados também, numa rotina que não tem mais fim, o despertar sempre na mesma hora, o remédio, pegar a agenda, cheklist nos compromissos, reuniões rápidas, reuniões longas, reuniões chatas, decisões, ganhar dinheiro, para poder gastar com coisas que não precisamos depois. Conforto e fartura que nos fazem mal, reconstruir uma roda que gira contra nós! Não sabemos navegar na correnteza do rio, e parece que sempre estamos contra ele mas no controle da situação, e não temos controle de nada. Tudo dentro do nosso celular, a agenda, os compromissos, os contatos, os abraços amigos num like e assim a vida passa, o tempo segue e temos a irreal ideia de poder porque controlamos tudo .. será mesmo ?
Um dia eu ainda pego um barco,eu me deito numa rede ... em rio agitado também tem leito, ando descalço, nado no mar, me jogo na areia, sem compromisso com nada, comendo a comida que encontrar. Olho pro céu a noite contemplando a beleza da vida, o passar do tempo sem contar os minutos, vivo a vida sem freio. Visito as amigos sem programar, roubo sorrisos.. valorizo quem faz questão de me ter por perto. Alguns amores são deixados em lugares escondidos para serem lembrados mais tarde ou esquecidos mais cedo. Arrumo as lembranças, ensaboo a vida. Eis a minha loucura... quando o mundo quer TER, eu só quero TERnura.