quarta-feira, abril 30, 2014

Desassossegos

Desassossegos ... palavra de seis "esses", literalmente uma palavra plural que significa muita coisa e ao mesmo tempo nada. É graças ao desassossego que muita coisa se move no mundo, é graças a ele que a inércia de fazer o bem acaba. O Desassossego é inerente ao trabalho do escritor, sem o desassossego de sentir-se diferente, não haveria a necessidade de escrever, de extravasar. Sem ele não conquistaríamos nada, nem as palavras, nem os amores, nem dinheiro e nem continentes.
Escrever é uma tentativa de compreender as próprias circunstâncias e esclarecer a confusão da existência. É com base nessa inquietação que inconformistas crônicos se tornam escritores depois de fracassar em outros ofícios.
Desassossego da vida, desassossego da alma, quase uma antítese da alma de quem busca a paz, porém paz e sossego se ganha com sabedoria e o que é esta outra senão a inquietação de querer aprender a atingir a paz. Nascemos de um momento de desassossego de nossos pais, de uma inquietação embrionária e de outras tantas que culmina no desassossego de ficar numa placenta, morremos da inquietação de alguma coisa até que ganhamos a paz eterna e o sossego da alma.

Vejo amor nos seus olhos

Ele chegou em casa apressado, tomar um banho, comer e para fechar a noite ... trabalhar, para então dormir. Chegou focado do seu objetivo e aí repentinamente ouviu uma frase numa gravação do celular: "vejo amor nos seus olhos!", uma frase simples mas tão cheia de poesia que o tempo parou, seu corpo tremeu e tudo caiu, não foi um desabar momentâneo, veio como um turbilhão de segundos, sentidos em movimentos pro alto. Notou que não havia caído junto com tudo. Não! Definitivamente sentiu-se em outro plano em relação a tudo, um plano superior que o fazia achar que tudo tinha caído, mas não ele que havia se elevado. Era como um levitar da alma, era como se tivesse amadurecido em uma frase. Era como sublimar por lindas palavras que ouvia como numa música linda que o fazia perder o foco, esquecer do cansaço, esquecer das planilhas. 

Esquecer de tudo, viver aquele momento, era o mais crucial, chegava a ser até racional largar tudo e se ater a ser feliz por algo tão bobo, que sentimentos tão fortes produzia. Momentos para não se arrepender, momentos feitos para amar. Suspirou e tentou se recompor, mas ai estava o desabrochar de uma poesia. Como um  copo transbordando de ternura depois de ficar cheio mas se manter estável. Aquela frase transbordou com tudo fez a vida virar poesia, fez o tédio virar canção, coloriu sua noite e apagou uma planilha inteira.

Porque poesia se escreve na alma e nem sempre na solidão de uma folha de papel, poesia se escreve com a vida com as nossas experiências, sentidos e com as experiências que vem dos outros. Poesia se escreve em conjunto quando se vive uma harmonia de um amor eterno. Porque poesia se escreve quando tudo que se passa nos olhos vem do coração.

quinta-feira, abril 24, 2014

Raios no silêncio

Raios de luz no céu escuro
Raios que me levam ao Reino das palavras
Palavras que escuto
No silêncio do meu coração
Porque quando se está em silêncio podemos ouvir
Coisas guardadas na alma
Reflexões do silêncio que habita o maior dos tagarelas
Existe então a força do saber ...
Do compreender da vida
Uma força que extrapola todo o silêncio
Que se faz ouvir no fundo de nossa mente
Tristeza excita a palavra
Felicidade também
E o amor porque não
Tudo que é emoção faz ecoar
Como um raio de sol
No meio do céu escuro
É a luz excitando a vida
Diante da escuridão

terça-feira, abril 15, 2014

Infindáveis tempos de um amor

As ondas do mar que levam...
Acabam por lhe trazer de volta o pensamento que havia
Num mar, que de agitado, arrebata o meu ser.
Ofegante de respiração contínua
Transpirando de suor incessante
Causado pelo magma incandescente
Que não esfria nunca
Quando penso em você

Vento que sopra a favor de nós 
Uivantes como tempestade ....
Leves como a brisa poeira na carne quente
Que se desmancha
Em luar que faz do fervor
Um gélido anoitecer
Que renasce em novo dia 
De cálidos testemunhos de que somos nós
Evaporados como água
Num ciclo de águas sem fim
Coisas infindáveis da vida
Esverdiáveis ressurgências do dia-a-dia
Que se seguem por todo um ciclo
Que extrapolam todo o amor que houver da vida
Ou toda a vida do que se há de amor.

quarta-feira, abril 09, 2014

Reinauguração !

Com uma frase de Fernando Pessoa reinauguro esse blog.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

Abraço Trino, saindo da margem.

Esse blog ficou meio parado enquanto o outro bombava com centenas de leitores, como o provedor acabou com o serviço fiquei órfão por alguns meses mas vamos retomar tudo.

sábado, abril 05, 2014

Terça Feira

Uma noite de terça feira que é ótima!
Mas porque iria de ser, se não é uma sexta?
Porque ela é igual a uma quinta ou uma quarta
Porque é uma noite para nós dois.
Tem tanta lua como o domingo que passou
Tem tanta magia que ficou
Luz que emana de um sábado atrás ...
Gravado em nossa memória
De que dias não são especiais 
De que dias não voltam atrás para reparar os deslizes
De que fazes tua alegria como condizes
Pois todo o dia é dia
De viver a alegria 
De sermos amantes
De sermos felizes ...

O viver

Eu vivo o outro, ela vive o ouro
Onde eu vivo paixão, vivem dinheiro
Onde vivo mero desejo
De viver o que se apresenta de planos
A vida escolhe o caminho de traços enganos
Vivendo de sins vivendo de nãos
Correto de espírito
Morto de tesão

Vivendo de luz cercado em mistério
Vivendo nas trevas de clara insatisfação
Vivendo um mundo inteiro
Vida de justa que morre em pranto
Vida bandida com tiros de canhão

Vida de instinto como animal
De outras vidas que aprenderam como viver
Vidas passadas que se cercam de nós
Desatados com vida de contras e prós
Vida que segue até o dia da morte
Vida pautada de azar ou de sorte
Que a faz desigual
Da vida de outro ou da vida de um
Das vidas, de vida em comum
Sempre diferente se faz
Quando se vive sem estar na plena paz.