quinta-feira, fevereiro 02, 2017

A beleza do ócio

Dez horas da manhã de um dia qualquer, pouco importa saber o dia ... a manhã começa cedo com um forte pedalar, sentindo a brisa mansinha me recordo que é um dia para Iemanjá.
Capivaras nadam num ritmo sereno, o sol deixa seu rasto no mar. Sinto os cheiros da mata até o grilar de cigarras ao luar.
Saindo por aí vivendo a vida, xerentando mercados, sentido o perfume das especiarias, o cheiro de vida ao sol. De muitos azuis se estende o céu, capim verde fresquinho se estende no horizonte, frondosas árvores de verde escuro em meio a uma vila de pescadores. As casas pintadas com sobra de tinta dos barcos, dão um colorido engraçado a esse quadro, faltava nele um branco de nuvem ou de baiana vendendo acarajé. Falta gente em volta, estão trancados nos carros correndo em busca de uma vida qualquer. Apressados que são não dão tempo à vida... a deixam largada num canto como um retrato em preto e branco.

Se tivesse talento seria pintor mas não me entendo com as tintas como me entendo com olhar, o olhar vazio e cheio de pressa ofusca um olhar tranquilo que vê os detalhes por todo o lugar. Meu olhar é poesia, que vêem detalhes poéticos num metro quadrado de chão, no firmamento azul e na imensidão do verde do mar. Me sinto com a vida vazia, me cobro investir meu dinheiro, mas me sobra vida para aproveitar. O andar pelas ruas, o não fazer as tantas obrigações que devia, me dei um tempo e não quero voltar.... o resto da vida pode esperar! 

Amanhã que seja outro dia ... que eu acorde disposto a sonhar. Sonhar com outras luas, quem sabe realizar a viagem de negócios para Dallas, Paris, Nova Iorque ou Bombaim mas sempre haverá um São Jorge matando um dragão que eu possa sonhar. Aproveitando a contemplação que o dia insiste em me mostrar.