Esfacelamento institucional

Vivemos num mundo onde existe culturalmente uma inversão completa de valores, esse fenômeno social que ocorre primordialmente em nosso recanto de mundo chamado Brasil, se dá por banalização da bagunça, por desmoronamento dos bons costumes, da educação e do empenho em se fazer o melhor para a sociedade. O empresário visa o lucro ... e tão somente o lucro! O político é corrupto, parcelas influentes da sociedade são corruptores. A justiça é achincalhada, a voz do povo usa máscaras para se disfarçar. Diante desse cenário caótico entramos numa batalha política vislumbrando um futuro promissor com grandes eventos mundiais sendo sediados no Brasil, visando se apropriar de um momento onde nossa economia decola no arrasto de petrodólares, num momento onde o país tem papel chave nos rumos que quer tomar para si. 

Temos hoje a oportunidade de escolher nosso destino: de suplantar as raízes de uma educação forte que nos daria infinitas possibilidades e oportunidades como país ou continuar massacrando a cabeça do povo, tratando-o com pão e água como se amordaçasse um gigante. Durante 500 anos fomos assim ... elite comandando o povo, manipulando-o, será que já não é tempo de mudar? Ou será que temos medo de crescer? É a hora de escolher entre ser a apática Bélgica, crescer como a Índia ou sermos nós mesmos, Brasil ! 

Todo esse retrato de momento das nossa situação sócio-econômica entra como pano de fundo para uma situação política confusa à espera de uma corrida presidencial. Temos uma política externa independente mas por vezes equivocada, temos uma posição dúbia perante o mundo! Internamente nossas instituições políticas nunca estiveram tão ultrapassadas e ilegitimadas. Falta credibilidade em todas as esferas, o Judiciário continua sendo pouco decisivo em suas questões de julgamento das outras esferas de poder, o Legislativo não representa bem as vozes do povo, guarda um histórico que o faz perder a credibilidade como instituição, e independente dos homens que estejam lá no Congresso Nacional a instituição em si é vista com desconfiaça pelos representados, o povo. Um executivo que barganha e se perpetua no poder devido a falta de correntes fortes e coerentes na suposta oposição. Vozes que nada dizem, vácuo de poder num momento tão crítico.

Os poderes políticos não tem mais a harmonia demandada por um sistema republicano e presidencialista, e um Poder Moderador se faz necessário, por vezes ele é oficiosamente exercido por um Senador mais injuriado, ou por um presidente de tribunal que pretende a todo o custo aparecer, ou mesmo pelo presidente quando tenta convencer a sociedade de algo que seja de seu maior interesse. Partidos políticos largaram sua ideologia, políticos esqueceram das suas convicções, o povo age por rompantes explorados nas mídias semanais. As opinões mudam de parte a parte e não existe coerência nem nos discursos de 5 minutos. 

Criminosos estão no poder representando a velha elite que nos sufocou por 500 anos. E aí cabe revermos nossa história para observar que sempre que tivemos instabilidades políticas com crises institucionais, tivemos insurreições de algum vulto e fomos levados a regimes de exceção.  Foi assim depois da Insurreição Paulista em 32, a Intentona Comunista em 34 e  o Golpe de 64, (sim golpe, prefiro continuar chamando assim à relevar aquilo a um "movimento" ou "revolução"). Ferindo-se os sistema político e as instituições políticas, acabamos por ferir a própria democracia e hoje vemos militares de metendo com política, juízes se manifestando além dos autos de seus processos, manifestantes fazendo o que bem querem diante do poder. Prerrogativas constitucionais são rasgadas publicamente sinalizando o ápice de um momento tumultuado onde as instituições vão se esfacelando pouco a pouco até que algo maior nos acolha e se perpetue no poder.