quarta-feira, março 20, 2013

A empresa e o social

escrito em 21/12/1999

Ser uma empresa, já é por si só um alicerce para a sociedade. Uma empresa estimula o convívio e o relacionamento entre as pessoas. A empresa oferece meios de sobrevivência para os seus empregados, e às vezes vão além disso oferecendo também educação, saúde, moradia e etc.
Num tempo onde existe tanta escassez de benefícios sociais, onde existe miséria por todo o lado e onde o estado não tem força para lutar contra esses problemas, as empresas tentam diminuir as diferenças sociais, tentam minorar os problemas e assumem algumas responsabilidades para com a sua comunidade.
Visando incentivos fiscais, muitas empresas tiveram o retorno dos investimentos feitos, mas principalmente melhoraram sua imagem diante dos consumidores, hoje mais conscientes e até mesmo perante seus empregados e as esferas de governo. Muitas entraram numa área de atuação que não são as suas para tentar diminuir o GAP social que existe, e obter algum benefício com isso.
O marketing social além de trazer os benefícios óbvios e diretos, geram uma melhor motivação dos funcionários pois os sensibilizam para esse tipo de trabalho criando uma rede de voluntariado para uma sociedade mais humanista. E, fazer o bem é bom! Todos acabam ganhando. Mensurar isso passou a ser o problema, não existiam cursos e nem métricas para se estimar o ganho que se pode ter ao se criar um programa de benefício social, a partir de essa falta de experiência, criou-se  mecanismos de comparação entre as próprias empresas pioneiras nesse ramo, o passo seguinte foi a criação de cursos de extensão no tema que abrangem desde empresas estabelecidas, até organizações não governamentais e setores do governo que deve fazer convênios com ambas as partes. Ou seja, mobilização existe, vontade existe e principalmente, existe um imenso leque de dificuldades a serem transpostas.
São empresas patrocinando cultura, eventos esportivos, desenvolvendo uma localidade, dando escolas, hospitais e principalmente abrindo nossos olhos para os problemas esquecidos pelos governos, as soluções as vezes fogem do lugar comum, ganham novo destaque que não haveria se fosse liderada pela esfera governamental e ganham uma melhor coordenação de ações  visando solucionar os problemas e obter resultados com isso (mesmo que indiretos).
Daqui para a frente, este marketing social será o motivador para a criação dos nichos de consumo, será a garantia de lucros extras. São empresas com  programas contra a extinção das tartarugas marinhas, investimento no desenvolvimento de outras matérias primas que podem beneficiar uma região carente, investimento em tecnologia para diminuir emissão de poluentes. Planejamento de uma cadeia produtiva que seja sustentável dentro do papel de preservação de meios de produção e insumos.
A triste contrapartida disso tudo é que a mentalidade do empresariado nem sempre visa algo diferente do lucro, por assumir um papel que não é necessariamente o seu, existem risco, enquanto assumem um papel que deveria ser do Estado, o foco final do existir da empresa não pode ser subjulgado, pois toda a empresa visa lucratividade, e sem ela não existe programa social que sobreviva. É importante frisar que, nem nessa hora o Estado pode falhar, não basta ficar em posição cômoda, porque as empresas ocupam o seu espaço, essas mesmas empresas podem a qualquer momento, sair dessa estratégia e a ajuda delas não pode virar dependência, cabe ao Estado ter "jogo de cintura" para assumir qualquer programa social privado, de forma a não colocar em risco ganhos sociais já conquistados.

Nenhum comentário: