domingo, dezembro 02, 2012

A crise - uma visão histórica socialista.



Muitos associam as crises econômicas como um fenômeno basicamente capitalista, onde as disparidades sociais e a ganância dos ricos leva o mundo inteiro para uma forte depressão econômica, se esquecem porém que o sistema político socialista sempre viveu emperrado pelas malhas da burocracia e que a economia planificada sempre teve fortes problemas de produção e abastecimento.

A grande menina dos olhos dos neo-socialistas é a China, um país construído nos moldes socialistas mas que só conseguiu sair de uma economia medieval para uma de mercado quando trouxe uma parcela importante de empresários capitalistas ocidentais para explorar sua mão de obra e seu alto poder de consumo inexplorado. Antes disso a China sofreu grandes crises de abastecimento que culminou na Grande Fome de 1858 a 1961. Oficialmente forjada como “os três anos de desastres naturais”.

Hoje o próprio governo chinês reconhece que uma parcela de 30% da crise foi influenciada por desastres naturais, os outros 70% são fruto de um mau planejamento durante o Grande Salto Adiante (campanha lançada por Mao Tsé Tung para acelerar o crescimento econômico a partir de coletivização do campo e industrialização urbana). O fato é que a menina dos olhos do socialismo teve seu período dramático de intempérie econômica. Durante o Grande Salto, a agricultura foi organizada em comunidades e o cultivo de terra privado foi proibido. A coletivização forçada reduziu o incentivo para os camponeses trabalharem corretamente e houve retirada de técnicos soviéticos que ajudavam o governo chinês, como em paralelo se buscava o início rápido da industrialização, muitos camponeses foram forçado a se distanciar do trabalho agrário para produzir ferro e aço. Não se esperou o tempo necessário a essa adaptação e aí sim uma grande enchente do rio Amarelo inundou todo o leste chinês matando milhares de pessoas, em 1960 uma seca comprometeu a produção agrícola, como o sistema ferroviário sofria atrasos sistemáticos o abastecimento era ruim e como o governo premiava comunidades que produziam bem, muitos dos líderes locais mentiam quanto a produção, fazendo o governo acreditar que as quotas de grãos para  abastecimento eram maiores que a realidade.

Estima-se uma queda de colheita de 565.000 toneladas, houve redução de 13.480.000 pessoas, com queda de natalidade de 0,9% e aumento da taxa de mortalidade que era de de 1,198% em 1958 e passou para 2,543% em 1960. As manipuladas estatísticas oficiais apontam 15 milhões de mortes no período, mas estudiosos ainda discutem números entre 17 e 50 milhões. Existem relatos de vilas inteiras que sumiram, atos de canibalismo, dietas a partir da ingestão de ratos e cães. Cadáveres mantidos na cama para enganar os oficiais e ganhar quotas extras de ração.
Existem colápsos econômicos  na Polônia, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia, racionamento de comida e carvão, pouco desenvolvimento industrial ou tecnológico e um exemplo bem ocidental disso ocorre ainda hoje em Cuba, onde uma forte dependência externa deixava o país a mercê de outros da antiga cortina de ferro. Após a queda do muro de Berlim, enquanto todo o Leste Europeu procurou se desenvolver, a Ilha passou por forte penúria mas ainda resiste bravamente e acena para uma gradual abertura de mercado.
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se pulverizou diante de constantes crises de abastecimento, já em 1985 Mikhail Gorbatchev previa a estagnação econômica e assumiu o controle do Partido Comunista Soviético com idéias inovadoras, dentre elas a reestruturação econômica ( perestroika ) que visava, entre outras coisas a modernização industrial e a diminuição do investimento na corrida armamentista, tarde demais em 1991 a União Soviética estava pulverizada.

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