quarta-feira, dezembro 05, 2012

A crise - o desenrolar do fatos.


Toda a ciranda que gerou a crise financeira de 2008 se usou de uma mentalidade gananciosa do consumidor, de leis da época de Ronald Reagan que pregavam o mínimo de regulamentação do setor financeiro, para que o mesmo siga livre numa economia de mercado. Por fim muitos influentes executivos das instituições financeiras estavam infiltrados nas altas esferas governamentais, o que garantia salvaguardas com dinheiro público aos colápsos dos sistemas financeiros.

O problema é que esse modelo de investimento é copiado mundo afora, e muitas instituições financeiras de todo o planeta compraram os títulos podres baseando-se na boa categorização de risco que as mesmas tinham, o início da quebradeira foi na Islândia, cujos bancos deviam  10 vezes mais que o valor do PIB do país quando a crise foi instaurada, depois outros países sentiram o mesmo impacto. Enquanto isso nos EUA, os empréstimos imobiliários começaram a ficar impagáveis e a gerar um calote generalizado, em um curto espaço de tempo 35 bancos tinham falido, nos primeiros meses da crise US$ 500 bilhões em prejuízo já eram contabilizados. Os grandes bancos de investimento iam alavancando os prejuízos até quebrarem e gerarem pânico no mercado. Isso aconteceu principalmente com o  Lehman Brothers que tinha US$ 600 BILHÕES em ativos, depois veio o Merrill Lynch e as crises do JP Morgan, Citigroup, só estancadas com intervenções governamentais. 

Quem sustentava todos esses tentáculos do mercado financeiro eram alguma seguradoras, a AIG era a principal delas, e o sinistro de grandes proporções acabou por fazê-la quebrar também. Foi a gota d'agua... empréstimos a curto prazo foram suspensos, empresas que dependem dessas linhas de crédito como capital de giro tiveram um baque imediato para fechar o caixa e tiveram que demitir funcionários, fechar unidades de negócio e linhas de produção inteiras, por fim... muitas pediram concordata e fecharam as portas. A gigante General Motors. que é um símobolo americano, cortou 27.000 postos de trabalho, 40% da rede de concesionárias e 11 fábricas.

O impressionante é que todo o ciclo foi gerado pelo capital privado, ganância, improbidade, irresponsabilidade, leviandade e mau caratismo. Toda essa picaretagem teve socorro dos governos dos países afetados, o dinheiro público assegurando os ganhos dos executivos culpados. A impunidade ainda gerou alguns bônus depois que os executivos que geraram o desastre, conseguiram empurrar o problema pro governo. Continuamos com um mercado sem regulamentação, e fortes indícios que as mesmas práticas se espalharam por outros países, inclusive a bolha imobiliária do Brasil, a facilidade de crédito e o nível de endividamento são pontos preocupantes. 


Além da mega ajuda do governo ao bancos e multinacionais, a AIG foi nacionalizada, as empresas de rating continuam dando pitecos no mercado, direcionando ele para onde quiserem e os grandes acadêmicos continuam prestando consultorias muito pouco confiáveis para induzir o mercado. Muitos executivos ocupam agora cargos chaves na política financeira americana e os pobres, ah... esses foram retirados de suas casas. Tudo isso expôs uma situação de impunidade complexa.... bancos e empresas, "grandes de mais para quebrar", isso os deixa a margem de regulamentações, impunes e insolventes, deixando o governo sempre como um anteparo para evitar quebradeiras globais.

No início da década de 80 várias empresas de porte como a IBM e a AT&T tiveram processos para divisão dos seus monopólios em unidades menores, a fim de não possuírem uma influência demasiada sobre o sistema financeiro. Algo no mesmo sentido deveria ser feito agora. 

As ações governamentais basicamente seguiram a estratégia New Deal. Para conter muitos  americanos perdendo suas casas, seus empregos e renda, o governo abriu os cofres para aumentar os gastos governamentais e  estimular a economia suficientemente a ponto de fazer girar o "círculo virtuoso" do crescimento. Porém o lobby dos banqueiros acabou sendo premiado, com sua conta sendo paga pelo povo, que perdeu renda, casa e emprego.

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