quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Honrados presidentes de farda - Hanna - parte 3


Em janeiro de 1964 Jango regulamentou uma lei de 62 que definia bases para remessa de lucros das multinacionais, nos meses seguintes várias dessas empresas procuraram os militares e correntes de direita para financias o golpe militar. Falam de milhares e dólares dados em cash para funcionários militares pagos pelo governo brasileiro para defender a soberania nacional (15 dias depois do golpe, a lei foi revogada pelos congressistas). 

A Hanna Corporation funcionou como a principal empresa de coordenação e financiamento das atividades das multinacionais de apoio ao golpe de 64, sua subsidiária (Consultec), após o primeiro de abril se tornou um forte bloco de poder que pagava por apoio ao golpe, barganhava benesses e representava, junto com os testas de ferro das empresas, os interesses das Cias estrangeiras. 

Eles estiveram envolvidos nas negociações de dívida externa feita por Roberto Campos e Otávio Gouveia, no pagamento imediato de US$ 4 milhões a Castelo Branco, logo após o golpe para pagar "despesas de algibeira", e posteriormente mais US$883 milhões a serem distribuídos a assessores, em troca do governo comprar por US$ 105 milhões as empresas que Brizola desapropriou no sul durante o governo Jango, o detalhe é que valiam só US$ 30 milhões.

Um aumento de 100% aos militares ditaram o início da política econômica (o PAEG) denunciada até por Carlos Lacerda como corrupta, com isso As multinacionais pegam cada uma o seu quinhão das benesses do governo em troca de muito dinheiro circulando em pastas 007. A Light consegue elevação de tarifas, correção monetária automática, e reavaliação de seus ativos. 10 anos depois saem do negócio e obrigam o governo a nacionalizar a mesma pagando o dobro do seu valor em ativos. Tudo pago em meio a sorrisos e 80 prestações trimestrais a juros de 6%. Ah! em dólares !!

Refinarias encampadas por Jango são "desencampadas" mediante pagamentos escusos, Roberto Campos negocia a compra da ANFORP por US$ 135 milhões e com pagamento à vista de US$ 10 milhões (para subornos), o governo do Brasil ficou só com 75% das ações da empresa pois 25% eram "ações sem valor ao par" e foram dadas aos figurões subornados. 

A Hanna passa a administrar a Companhia do Vale do Paraopeba, detentora de jazidas minerais que iam direto para o porto privado de Sepetiba e daí para as siderúrgicas americanas, o transporte desse minério entre Minas e Rio era pago por Cr$ 125,00 a tonelada, quanto o custo para o governos era de Cr$160.000,00. Como isso onerava muito as contas, o governo resolveu construir a ferrovia do Aço até Volta Redonda e vender aço para os americanos, muito bom mas ... a poluição ficou conosco, o Porto De Sepetiba ficou abandonado e entrou em colapso, tendo que o governo precisou intervir e .... o custo superfaturado de mais de US$ 2 bilhões para a nova ferrovia foi pago pelo erário.

Em 1965 o governo americano concede empréstimos de US$ 425 milhões e doam Cr$ 23 bilhões resultantes de sobra de financiamento do golpe. Ninguém sabe para onde foi esse dinheiro!

Um comentário:

Unknown disse...

muito bom!