sábado, junho 10, 2017

Nosso Supremo Tribunal !

Nunca concordei com os motivos do impeachment de Dilma e achei que foi golpe sim aquela história de pedalada fiscal. No entanto, sempre acreditei que o governo mascarou números, usou horário gratuito de televisão para ludibriar os brasileiros menos esclarecidos e usou dinheiro ilícito na campanha política (isso eu ainda suspeitava em tempo de campanha quando via uma empreiteira ou um banco doar milhões a todos os candidatos). Oficialmente foram gastos R$ 5,1 bilhões... é muito interesse pra pouco candidato e isso é um duro golpe à democracia.

A meu ver Dilma deveria ter saído pela porta dos fundos do palácio ontem (e nem vou comentar o fato da morosidade judiciária julgar um crime eleitoral depois de mais de 50% do mandato!). Rui Barbosa dizia uma frase muito pertinente nesse caso: "Justiça tardia é injustiça institucionalizada". O mundo deu voltas e quem entrou com a acusação, o PSDB derrotado nas eleições nem queria ganhar essa disputa enquanto o PMDB e o PT, réus, não queriam perder. Diante disso configurava-se uma imensa pizza em Brasília.

Nem precisávamos da delação premiada da Odebrecht e nem dos depoimentos dos marqueteiros João Santana e Monica Moura para constatar que houve abuso do poder econômico. Mas para a representação máxima do nosso judiciário pouco importa se houve uso de caixa dois, eles fecharam os olhos pra isso e só julgaram o que foi oficial, ou seja, fecharam os olhos para o que é crime!

Se o resultado do julgamento em si já deixa qualquer um indignado, ouvir as argumentações mais estapafúrdias era um constrangimento tão grande que nobres juízes gaguejavam diante do total constrangimento que passavam para justificar o injustificável. O placar de 4 X 3 hoje é mais doloroso que o 7 X 1 da Alemanha. Brincam com a nossa inteligência, desrespeitam instituições centenárias e fazem chacota com o povo.

Vamos entender um pouco das incoerências e dos motivos desse placar... em abril o plenário do TSE decidiu interromper o julgamento por considerar que era preciso os marqueteiros da campanha, e agora desconsiderou-os. Na época o planalto estava preocupado com o voto de dois ministros que estavam com o mandato por terminar, essa pausa no processo permitiu a substituição por dois novos ministros (Admar Gonzaga e Tarcísio Neto) escolhidos pelo réu-presidente Michel Temer. Admar inclusive foi o advogado da chapa no início do processo.

Outro ministro do TSE, Napoleão Maia, foi citado por um executivo da JBS por sua interferência a favor da empresa numa ação. Gilmar Mendes por sua vez, é aquele mesmo fica de conversinha com políticos que julga em seminários ao redor do mundo. E dessa forma coerente votaram nossos ministros juízes:

Absolvição:
Admar Gonzaga
Gilmar Mendes
Napoleão Maia
Tarcísio Neto

Condenação:
Luis Fux
Herman Benjamin
Rosa Weber

Historicamente essa corte suprema foi a mesma que pouco fez diante da impunidade nacional como os processos dos Anões do Orçamento, Castelo de Areia, Satiagarra, Mensalão, é a mesma que liberou Eike Batista. Então tolo é quem imaginava que seria diferente dessa vez. Tolo é quem pensa que no judiciário não existem canalhas como existem no legislativo e no executivo!

‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.” 

― Rui Barbosa

E dessa forma fica difícil confiar nas nossas instituições!


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