quinta-feira, julho 18, 2013

Atriz coadjuvante França, a eterna!

 "As colônias não passam de estabelecimentos de comércio" - Choiseul Ministro das Colônias Francesas 1765

"Chupa elite !!!" Luis Carlos "Che" Orlando, ontem durante as manifestações no bairro do Le blond 


Apesar de geneticamente os povos mediterrâneos terem uma tendência depressiva, no sul da França o clima é diferente, eles estão muito mais pros italianos que parar os franceses do norte, tem sol, comem muito, existe fartura, são mais "globalizáveis talvez"A França demorou a perceber que ela foi o império que não emplacou, ficou sendo a vitrine do mundo e de um mundo que vive de opressão de uns e ostentação de outros, nesse momento de reflexão, caiu num pessimismo e hoje parece uma velha aldeia gaulesa perdida num canto qualquer. Ela tem o seu charme, sua potencia e seu estilo próprio, mas não foi o império colonialista comparável com Portugal, Espanha em Inglaterra. Foi um grande centro industrial, mas nem comparável com a Inglaterra. Foi invadida e destroçada por diversas guerras e ainda pensava na glória de Napoleão! E quando pensava que seria a tal, suas colônias romperam correntes e os Estados Unidos tomaram conta do mundo. Ficou rancorosa e como a antologia do Brasil que é o eterno país do futuro, mesmo com as nossas mazelas; a França virou o país do passado com as mazelas dela. 
Lembro sempre das manifestações de jovens nos subúrbios parisienses, ali estava refletido que era um país que queria se mostrar como exemplar, mas que escondia em seus subúrbios a fome e a miséria. Não falo de 68 quando em meio a guerras coloniais o povo clamava por "liberté", falo de 2006 quando ao menor indício da crise européia, os oprimidos clamavam por ... "egalité". Um país que perdia a sua intocável identidade vendo suas ex-colônias  desembarcando no Charles de Gaule e em Marseille, vendo os muçulmanos se tornando a religião da vez, vendo o inglês se tornando a língua falada nos metros. Vendo sua aldeia sendo invadida por milhões de turistas que queriam um pouco do glamour insustentável economicamente. Alguma semelhança com o que vemos hoje no Leblon (até o nome é francês !!)? É muito chato viver num ponto turístico do mundo pois não é sempre que queremos receber visitas em casa e esconder a "sujeira" pra debaixo do tapete.
E porque os franceses lotam Santa Teresa com chinelos e roupas ridículas ? Por que querem a liberdade de viver, porque no fundo sabem viver, nasceram com isso e possivelmente aprenderam na Tulherias. É como se um cara que fica o dia inteiro fingindo estar bem dentro de um terno e consegue um lugar onde possa colocar um chinelo abrir uma cerveja e ouvir um funk com uma bela mulata, porque isso está na natureza dele. A França  ficou muito tempo sozinha na contramão do mundo (graças a Deus!), imaginem como seria chato viver a ditadura da moda germânica, da culinária inglesa e do cinema americanos tinha boas relações no mundo socialista e no capitalista! A França tornou-se neutra em vários conflitos, prega o slow food, fala uma língua diferente do mundo, criou um cinema fora Hollywood ... Por fim teve que se render ao Euro, incorporou uma série de mudança no seu modus vivendi, descobriu que o Estado paternalista europeu faliu, mas descobriu também que vive num mundo de sonhos supérfluos. A "fraternité" de seu povo acabou em 1789 e a grande maioria das revoltas desde então são anti-institucionais, e colocam o Estado como alvo, igualzinho acontece agora aqui no Brasil e nas Primaveras mundo afora. Sim, a França ainda inspira o mundo, dentro de um contexto menor e ela é que não se toca disso!

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