sábado, abril 06, 2013

Rasgando os planejamentos da vida

  Escrito em 26/08/07

Planeje bem a sua vida, mas não deixe a vida passar planejando o que fará dela


Nossa sociedade ensina que para uma pessoa atingir o sucesso é importante ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, ter uma família sem problemas, uma escolaridade maior que a média. Mas se olharmos que, para cada diretor existem milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes, e que, sem esses funcionários “frustrados” não existiria nem gerente e nem diretor. Essa multidão de fracassados será que realmente pode ser considerada fracassada? Será que eles não tem sonhos realizados, frustrações muito mais importantes que não ter o carro do ano, ou o salário exorbitante? Será que eles serão eternos insatisfeitos por não ser o estereótipo do mundo ocidental, será que esse é o verdadeiro estereótipo do mundo moderno ou não temos um exemplo mais nobre a ser seguido?
O mundo precisa que filhos se orgulhem dos pais, que espelhem-se em pessoas que lutam no seu dia a dia para realizar os seus verdadeiros projetos de vida e não para atingir o estereótipo que a nossa sociedade impõem. O mundo precisa de pessoas que errem e que possam pedir desculpas e assumir seus erros.
Essa pressão da sociedade faz com que 10% da população americana sofra de depressão, faz com que Japão, Suécia e Noruega tenham elevados índices de suicídio. A busca por segurança acaba por nos levar a viver num mundo de contradições, como a mulher que não abandona o marido mesmo sem amá-lo só para manter o casamento, ou mesmo o homem que passa décadas no emprego que não o faz sentir-se realizado só pela segurança de ter um emprego. As pessoas ficam menos corajosas, autênticas e vivas. Jovens entram em quadros de depressão antes mesmo de entrarem no mercado de trabalho por não conseguirem acompanhar as aulas de inglês, informática ou não querem seguir o mesmo caminho dos pais. As crianças perdem sua infância para se preparar para o futuro, e acabam criando um futuro de inseguranças uma vez que não tiveram o amadurecimento necessário para se impor no futuro.
Nas empresas ao invés de pessoas centradas, prestigiam-se o que sabe fazer o marketing pessoal, os motivados. É muito mais importante fazer besteira motivado do que não fazer nada além o que a sua função demande de você, esse é o erro das empresas “motivadoras”. Pessoas acomodadas podem dar muitos resultados que os motivados não serão capazes de alcançar devido a sua incompetência. Antes o TER substituía o SER, hoje ambos estão de lado pois o objetivo das pessoas é PARECER. Elas parecem que sabem, parecem que fazem , parecem que acreditam, acham que é assim, acham que é assado e no fim ninguém fala que não sabe ou toma alguma atitude quando sabem. É o mundo da incerteza gerando mais insegurança e fracasso. São como as bolhas da economia que de 8 em 8 meses estouram para que os investidores recuperem seus lucros. Se nossas bolhas não estourarem continuaremos vivendo de paranóias.
Não existe planejamento que não possa ser replanejado, não existe planejamento que não possa ser rasgado para que se possa viver com autenticidade, com o risco do erro e com o delicioso gosto do acerto atingido por um acaso ou mesmo com o digno erro de cálculo.

Nenhum comentário: