terça-feira, abril 02, 2013

Parque Aquático Julio Delamare

Uma das melhores piscinas  em que nadei, palco de grandes competições, o complexo Júlio Delamare será aterrado para ... virar um estacionamento! Isso numa cidade onde se prega o uso do transporte coletivo, num lugar onde o Brasil jogará 1 vez na copa, e só se jogar a final, num palco que sempre foi acostumado a receber público uito maior do que o que se espera na copa. Isso porque continuamos sendo subserviente aos desmandos da FIFA, isso porque continuamos a comprar a idéia de que os europeus sabem mais de futebol do que nós, isso porque são milhões em jogo com obras inúteis. A piscina do Delamare já era considerada de nível internacional, foi construída em 78 e teve que passar por reforma em 2007 para se adequar ao Pan a um custo de R$10 milhões. Ao mesmo tempo, se criava outro elefante branco na Barra (Maria Lenk), a um custo R$ 80 milhões, somando-se a isso temos o custo mensal de R$ 300 mil mensais sem nenhum uso. 
Acabo por ter uma relação muito afetiva com aquelas piscinas que virarão um espaço vazio, foi lá que nadei por anos com profissionais qualificados que davam aulas para a comunidade, cumprindo o papel social que um equipamento desse porte devia ter. Lá vivi amores, tive ensinamentos para a minha vida inteira, estreitei meus laços afetivos com minha família. Lá destilei meus problemas juvenis no silêncio do fundo da piscina, e muitos desses problemas ficaram por lá. Naquelas arquibancadas me arrepiei vendo saltos e competições de alto nível, tudo a poucos quilômetros da minha casa. 
Das minhas primeiras pernadas apoiadas numa pranchinha de isopor, até fortes braçadas rompendo tempos para alcançar a plenitude do meu nado, tudo naquela piscina me fez ver que podemos nos superar sempre e que boas oportunidades ficam pra trás se não nos empenharmos. O nado golfinho que me fazia encarar o sol no rosto sempre me deu a alegria de viver, em breve o sol vai castigar a pintura de um carro, o parque esportivo do Maracanã vai ficando mais pobre, menos esportivo, menos romântico e, desculpem a redundância, menos grandioso! O Rio vai ficando menor, trocando legados reais por promessas fictícias que vão se esvairir em pó como o Engenhão, o Velódromo, o Célio de Barros e o finado Julio Delamare!

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