João se foi e com ele uma horda de boas lembranças de Nara Leão, Vinícius de Moraes, Miúcha, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Baden Powell, Leny Andrade, Tom Jobim, Pixinguinha, Cartola, Elis Regina, Tim Maia ... não que estivessem totalmente relacionados entre si mas que simbolizavam uma face bem brasileira de fazer a música de forma diferente, à exaltando como arte. E se ainda existem: Chico, Toquinho, Gil, Caetano, Ivan Lins, Roberto Carlos, Guilherme Arantes, João Bosco, Hermeto Pascoal, Zé Ramalho, Erasmo Carlos ... renegados a um ostracismos gigante, talvez até porque não conseguiram passar o bastão para uma nova geração de artistas, como João Gilberto fez influenciando tanta gente. Ah! ainda figuram nessa lista de influenciados Frank Sinatra, Bono Vox, Sting, Al Jarreau, Doris Day, Diana Krall.
Um músico obcecado pelo silêncio que apareceu num vácuo de vibratos de vozeirões como Cauby Peixoto, Orlando Silva e Francisco Alves. Num país de grandes violonistas, foi João que colocou o instrumento sob as luzes indo além do Samba Canção e do Jazz, incorporando um sentimento a instrumentação. Algo difícil de ser explicado porque é muito bem sentido nos compassos entre som e silêncio que ecoam arrebatadores nos nossos corações. Não é a toa que um disco tipicamente de Bossa Nova, mesmo cantandos em português seja um dos mais celebrados da história do Jazz. O LP Getz/ Gilberto é tão arrebatador quanto ouvir Chega de Saudade sem nenhuma referência anterior a Bossa Nova. Ou o show de João Gilberto no Carnigie Hall.
João Gilberto é um convite ao ouvir, é um convite ao perfeccionismo e a atenção. Coisas tão difíceis num tempo de ímpeto comercial, talvez por isso ele tenha sido tão recluso, tão incompreendido, tão chato! O cara que sempre esteve a frente do seu tempo, ficou preso no passado, onde o glamour era só um banquinho e um violão.
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