segunda-feira, outubro 10, 2022

Humanidade encurralada nos sonhos dos mortos




 Vivemos num mundo vazio, tomado por informações irrelevantes, por formadores de opinião auto denominando-se influenciadores digitais que determinam o pensamento moderno, os costumes, as atitudes, o consumo. Vivemos numa humanidade à mercê do pouco uso que se faz com o que nos difere do resto das espécies, a inteligência. Mas mesmo assim ainda avançamos como civilização, tendo avanços nas ciências, medicina, criando novas formas de artes, novas formas de interação, de comunicação, indo além dos horizontes já conquistados !

E onde mais poderíamos avançar ? Que novos campos poderiam ser desenvolvidos como a tecnologia dos computadores e celulares? Se tecnicamente a humanidade avançou muito, ainda vemos a brutalidade nas relações humanas, não sabemos lidar com nossa psique, com nosso espírito, temos conceitos distorcidos de tempo, de criação, de existência. Vivemos o que aparentamos, olhamos assustados para o que somos por dentro, não cuidamos do nosso planeta, não protegemos outras espécies, não entendemos os relacionamentos  de leis universais e naturais que regem a vida. Não sabemos conviver civilizadamente... O conceito de civilização começou com uma perna quebrada, ali naquele primeiro momento onde os arqueólogos descobriram uma ossada com um osso de fêmur calcificado inicia-se o conceito de civilização e de vida em sociedade. É simples explicar, num período dos homens das cavernas sair para caçar era extremamente arriscado, conseguir uma caça por si só difícil e durante muito tempo os hominídeos viviam cada um por si, uma fratura de perna significaria a inoperância para caçar, o abandono à própria sorte e ... por fim, a morte ! Mas um indivíduo que chegou a vida adulta, com uma fratura calcificada significa que ficou curado e que coube a algum semelhante cuidar dele enquanto ficava curado, esse alguém que teve pela primeira vez a empatia com seu semelhante, reforçou os laços humanos e possivelmente ali naquele esqueleto calcificado brotou pela primeira vez a gratidão! Difícil saber se foram de fato os primeiros fenômenos mas  com certeza foram os primeiros que puderam ser registrados, num tempo onde a comunicação como a de hoje nos impedia de registrar a vida da civilização. Mesmo aquele esqueleto calcificando sendo tão igual a nós... nos parece tão distante, mas o DNA é fundamentalmente o mesmo, o que nos difere é o conhecimento!

O vazio é existencial, quando os valores humanos não preenchem nossa existência, a solidez da vida acaba ao menor ato de desespero onde busca-se acabar com ela. A devoção pelo que é belo deu lugar ao que vende e tem apelo comercial, não se busca mais fazer o melhor mas o que pode ser consumido rápido. Com isso não se produz arte, não come-se bem, não há conhecimento e sim informação em demasia, se mortos tem sonhos são almas penadas vagando no vazio mas o vazio é estreito porque nem ele prolifera num terreno tão infrutífero quanto o que vemos agora, gerações perdidas e sem certezas em relação ao futuro, sem construir um futuro, sem esperanças no presente, sem sonhos, sem planos e com muita religião ... muita crença e pouca fé!  


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