A única coisa melhor que um beijo é o milésimo de segundo que antecede o encontro das bocas, quando a gente sabe que vai acontecer. É aquele momento que antecede a explosão de emoções, é o momento retrasado nas esculturas gregas do início de uma corrida o prenúncio de um salto. Os músculos saltam, o sangue fervilha os nervos retesam ... Milhões de processos químicos acontecem, uma enxurrada coisas acontecem misturando nossa inteligência, com sensibilidade, recordações vem, coração palpita, imaginação tenta romper a barreira do tempo e enfim o ápice das coisas acontece.
Rouba-se o primeiro, segundo se pede, o terceiro se convence e a partir do quarto eles acontecem... Brotam da alma, encantam o espírito ! Sobrevivem aos acontecimentos, dos melhores aos piores. Desde o beijo que acolhe até o beijo que perturba a alma e que fica na nossa cabeça por muito tempo.
Há quem diga que o gostoso do beijo é a troca de rédeas ...cada um domina um pouco e adverte o outro que a partir de agora provocar é uma máxima que deve ser levada à risca. Um domínio onde ninguém domina nada e bocas murmuram toda essa explosão de emoções.
Existem beijos de bocas e beijos de coração... um fala, o outro cala, um é rápido, efêmero e o outro parece eterno. Enquanto um cala dentro dos murmúrios pedindo silêncio para um próximo beijo; o outro fala, mas em seu silêncio, clama pela eternidade daquele momento.
Beijos de bocas, vem de fora e são como beijos de boa noite que dizem mais que boa noite e nos convidam para viver uma noite inteira de beijos. São mais que simples voltinhas em bocas atordoadas com o fulgor de corpos numa celebração, numa euforia, numa paixão. Os beijos assim são recomendados para todas as idades mas indicados para os mais jovens de espírito e que querem viver aventura dos minutos posteriores ao beijo, tem tanto a sensação do novo quanto o gosto daquele beijo que faltou há 20 anos atrás. São beijos atrevidos, destemidos, curiosos pela boca em que estão beijando, são línguas entrelaçadas, cheias de tesão, suplicando por mais beijos pelo corpo.
Já os beijos do coração, esses calam mais do que falam, vem de dentro, convidam para dormir e realmente são beijos desejando só uma boa noite, indicados também para todas as idades mas amados pelas pessoas maduras, é o beijo da recordação dos 20 anos que ficaram pra trás, são beijos calmos e sem malícia ou molejo. São beijos conhecedores das bocas que se tocam, são beijos que abraçam, são suspiros tocando os nossos lábios.
E assim, entre beijos roubados e beijos entregues, entre murmúrios e silêncios, o que realmente importa não é a técnica, a ordem ou a duração. O beijo é o instante suspenso no tempo, o fio invisível que conecta dois mundos, o toque que traduz sentimentos sem precisar de palavras.
Seja um beijo atrevido que desperta desejos ou um beijo tranquilo que embala uma despedida, no fim, todos têm o mesmo propósito: contar histórias que só os lábios sabem narrar.
Porque, no final das contas, o melhor beijo não é aquele que se dá. É aquele que permanece.
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