sábado, dezembro 28, 2024

Pílulas de inquietudes para reflexão e ... ação !

Avanços tecnológicos, globalização, sociedade da informação... Comunicação instantânea, encurtamento das distâncias, análise de dados, novas profissões, relacionamentos virtuais, avanços da medicina, conforto... Mas, estamos realmente usufruindo dessas conquistas ? Como sociedade e de forma igual ?
No mundo atual, as transformações culturais têm favorecida a solução de conflitos com base no respeito, aproximando as pessoas ao invés de afastá-las? 
E a miséria? Por quanto tempo ainda existirá ? Já temos plenas condições de oferecer o básico para todos e por que até hoje ainda não fizemos, porque até hoje o tema da pobreza ainda incomoda a sociedade humana. Falta de água, falta de acesso a recursos básicos de saneamento, fome e  analfabetismo... Se são temas que incomodam, porque o foco da sociedade sabota esses temas ?
Um país gasta US$2 bilhões numa bomba que matou 70 mil pessoas e "aliviou a agonia da guerra", coisa insana e desnecessária a guerra, mas poderia o homem viver sem ela ? Enquanto soldados americanos massacram 300 famílias no Vietnam, o comandante da tropa se defende falando que precisa "atacá-los para protegê-los"....
Ditadores massacram a liberdade de comunicar, a pobreza mata a liberdade de sonhar.... E o que seria do Homem sem o sonho que nos possibilita avançar as dificuldades, criar utopias e ver além da tristeza e do desamparo?
O direito de sonhar é o pai de todos os demais direitos, quando regimes de exceção limitam o sonho, limitam a liberdade de pensamento e a expressão deles, ele limita a valorização do homem como ser psicológico único e ali se morre. É preciso viver em pensamento pleno para não morrer. Sem os sonhos viveríamos numa miséria maior que a material porque matariamos a esperança.

segunda-feira, julho 08, 2024

Pelos Olhos de Alice

 Pelos olhos de Alice eu vi a pureza e a simplicidade da vida.

Na profundidade de seus olhos serenos, na sua feição séria como a que tentando repreender a todos que não compreendem a essência da vida que ela, em sua sabedoria transcendental, já tem.

Alice é recém nascida, da pureza da carne até a serenidade da alma. E no momento que a peguei nos braços tive uma certeza de estar muito próximo de Deus. Já estive outras vezes bem perto de encontrá-Lo quando apreciei todo esplendor da natureza ou num momento singelo de um suspiro, num pensamento inspirador, nas lembranças que guardo mais no coração que na cabeça. E aquele olhar de Alice fez um único segundo se transformar em momento guardado dentro da eternidade. Desses que a gente lembra quando faz uma grande conquista, ou mesmo quando se olha sorridente e pleno em frente do espelho mas que nunca estão presentes dentro de um templo.

Porque, no final das contas, haveremos de compreender que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar. Desde aquele cheiro de casa de vó, até as tolas brincadeiras de criança que embalam nossas vidas até a velhice, é aquele suspiro de primeiro amor ou a rima boba de uma música que não nos sai da cabeça. É leve e fica preso no tempo, o carinho puro, a atitude necessária no momento certo. O cheiro de carro novo, o folear de um livro, o ecoar de uma gargalhada, um cafuné no sofá, um pé enroscado no frio, um abraço apertado na saudade, um choro de euforia ... são nos pequenos momentos banais e sutis que marcamos a nossa vida e é no conjunto desses pequenos momentos é que percebemos o que é a felicidade e que a simplicidade da vida está nos detalhes das coisas.

E estava ali diante do olhar pleno e instigante de Alice travando uma guerra mental tentando entender o que ela me dizia sem falar uma única palavra, ao mesmo tempo em que ela nada dizia, acabava por me encher de tudo o que precisava para eternizar um momento e me trazer a paz e a alegria que a vida tanto precisa.


Deus 2

 Eu vi Deus ! Sim, já o busquei em momentos plenos de sabedoria e paz, quando diante do espelho me olhei radiante de alegria depois de uma grande conquista, quando peguei nos braços meus filhos numa madrugada e meu calor calou seu choro, num momento de meditação e até dentro de um pensamento inspirador. 

Busquei Deus em meio a natureza num mergulho no meio de um cardume, num nascer do sol estonteante numa praia no Espírito Santo, numa noite de luar em Itaipava, num por do Sol no Pontal do Atalaia ... num voo de uma borboleta azul na floresta da Tijuca, no mar castigando as pedras do litoral de San Andrés. 

Esses foram os lugares onde mas perto estive de encontrar com Deus, mas nunca o encontrei dentro de um templo ou nos livros ou dogmas que teoriam sobre Ele. Só uma única vez O vi e tive certeza de que estava diante Dele. 

Era um dia de caridade num centro espírita, mas como disse acima , nunca encontrei Deus num templo e nem buscando nas religiões. Era um trabalho voluntário organizado pela minha empresa nesse centro espírita que faz um trabalho social de abrigar idosos solitários, crianças órfãs ou abandonadas e pessoas com algum tipo de deficiência. Já estávamos no meio da tarde depois de uma jornada de socialização com crianças e idosos e com o coração já completamente energizado pela manhã, partimos para o trabalho que na minha cabeça seria o mais complicado e comovente, pessoas com síndrome de Down... na verdade o mais correto era dizer crianças com Down. Em meio a uma brincadeira banal de boliche com bolas de plástico, vi um determinado menino mirando a pontaria e insistindo ...errou 1,2, 3 vezes buscava se superar, não era um momento de competição com outro jogador, ali era um diálogo mental dele com suas deficiências e num determinado momento ele jogou a bola e seu semblante mudou repentinamente, não sei ao certo de acertou um ou dois pinos, se era um lance de sorte, ou realmente o resultado do seu esforço e superação pessoal, eu só sei que no meio daquele tumulto de outras dezenas de crianças brincando, me pareceu por um instante que o tempo parou, que o silêncio se fez e que aquele instante passasse como uma eternidade na minha cabeça, entreolhei uma colega que percebeu o mesmo que eu, sorrimos e retribuímos o sorriso para aquele garoto que devia ter uns 30 e poucos anos, mas que mentalmente tinha uns 6 mas que naquele sorriso me mostrou algo que nem a natureza, nem os livros, nem os dogmas me mostraram nos meus 40 anos. Dentro daquele sorriso puro e singelo, eu vi Deus !

Não sei se pela euforia do que estávamos sentido, se pelo resultado do que estávamos fazendo, se aquele sorriso era um prêmio, um agradecimento, um amor tão forte, só sei que aquele momento ficou gravado na minha eternidade como todos os outros onde busquei e estive perto de encontrar, algo muito mais forte diferenciava esse momento dos demais que tive em minha vida. Ainda hoje quando me recordo cheio de gratidão no coração a força interna que sinto me tira o sono, me intriga a mente, me estimula o espírito. 

domingo, junho 09, 2024

Deus 1

Afinal o que é DEUS ? Através dos séculos crenças e religiões tentaram traçar uma imagem para entender o que é DEUS? Obviamente há uma tendência natural de imaginá-lo como uma figura humana, supremo de toda a sabedoria mas enérgico pintou-se Deus como um senhor de meia idade, branco, de cabelos e barbas brancas, simbolizando uma suposta pureza, longevidade e sabedoria; forte e musculoso para demonstrar todo o seu poder. Mas porque diante de toda a natureza ele deveria ter a forma humana, algumas crenças o pintam como um animal, de uma Salamandra a um Caramujo e porque então não teria ele a aparência de uma tartaruga ? 

As dúvida e inquietudes vão muito além das aparências de um Deus, sua forma de atuar como sendo um pai bom e amoroso ou um mestre que nos dita cada caminho a seguir. Acompanhando nossas atitudes como quem nos controla como marionetes ou apenas um Criador que definiu Leis e processos naturais que nos rodeiam e a qual estamos sujeitos ? Isso porque nem entramos ainda no mérito mais básico que é sobre a existência de Deus, uma inquietude pertinente nessa reflexão, mas partimos do pressuposto básico de que se existe criação, existe um criador...

Poder da criação já seria por si só algo que nos faz divagar ao longo da existência humana, se pensarmos no Universo então ... Microcosmos e Macrocosmos seria tudo uma coincidência natural ? Ou somos o fruto de um poder criador inteligente? Saindo agora de uma discussão sobre a imagem de Deus e de uma tendência a querer humanizá-lo ... existe uma inteligência única dentro dos milhares de processos naturais que já conseguimos conhecer ? Somos fruto de uma criação ? Se fomos gerados espontaneamente, e regidos por algumas Leis gerais, o que ou quem definiu essas Leis ? Se fomos criados por um Deus ... quem criou o próprio Deus? Seria ele o conjunto de tudo o que não podemos compreender ? Assim como a fé é o poder que não controlamos... 

Pensamos num Deus supra humano numa tentativa de nos reconhecer Nele (e lá vem o narcisismo humano de tentar suas próprias imperfeições sempre!), mas isso ocorre por pura incompetência nossa de conseguir imaginar  algo que não conhecemos, Deus pode ser simplesmente uma energia criadora de magnitude imensa a ponto de criar e acompanhar toda a sua criação, Ele pode também ter criado regras, Leis que funcionariam em todo o universo e toda a existência estaria sujeito a essas regras, ditariam o conhecimento divino e através delas tudo seria orquestrado sem necessariamente uma interferência direta de Deus , algo como por exemplo a Lei da gravidade que existe em menor ou maior grau influenciando por onde se vá no Universo, desde os átomos, até os astros, todos os corpos estão sujeitos a essa "ação de Deus" e de seu conhecimento.  E como tentar conhecer algo que não está presencialmente diante de nossos olhos e que seja muito maior que a nossa capacidade intelectual? Como amar algo que não conhecemos bem ? É como amar uma pessoa, criamos um sentimento por algo que conhecemos e criamos expectativa por algo que supomos conhecer.

Conhecer um Criador a partir de sua criação é um caminho viável na maioria dos casos, é como tentar entender a psicologia de Leonardo Da Vinci a partir de seus escritos, suas pinturas, o lugar onde viveu , temos muita coisa palpável para trabalhar, mas devemos ter um pouco de imaginação para tentar conceber um pouco como era o gênio a partir de seu trabalho. É uma pesquisa semelhante que tentamos conduzir para entender Deus. A partir de sua obra divina, buscar entendê-Lo. Mas onde estaria a obra de Deus? Espalhada pelos quatro cantos do mundo ? Por todo o Universo? Nas coisas mínimas? Se entendermos um Deus criador de tudo, em tudo existe uma partícula divina. Teríamos que compreender toda a física, a química e a biologia  a partir dos processos matemáticos para entender um pouco que que é Deus? É claro que um cientista opera nesse caminho há milênios, mas e se quisermos entender os sentimentos?  Porque ir buscar no mundo subatômico se podemos começar com algo muito perto de nós ? Porque não supor que a inteligência humana deriva de uma inteligência de seu Criador para que possamos dentro de nosso micro cosmos traçar paralelos com Deus e compreendê-lo mais? Se Deus nos criou, decerto existe uma partícula Divina dentro de cada um de nós e dentro de cada coisa nesse universo vasto e complexo. E aí está algo para nos aprofundar em pesquisa. Tão perto, e tão distânte, teoricamente Deus está dentro de nós, porque nã começar por entender a nós mesmos? Ou em coisas que estão por perto, no nosso cotidiano, na natureza que nos rodeia? Onde e quando reconhecemos Deus? Estamos aptos a fazer essa pesquisa, a descobrir aos poucos sobre essa energia que supõe-se que tenha nos criado? Será que podemos nos decepcionar por não chegar a lugar nenhum ou a chegar em algum lugar que não poderemos compreender?

Se pararmos para pensar e reconhecer onde vemos seria um caminho fácil para encontrar  Deus. Mas é preciso ficar atento para ter certeza de que  estaremos reconhecendo Ele realmente com os nosso olhos, ouvidos e ... Sentimentos. Estamos como olhos , ouvidos e sentimento atentos para captar Deus em cada coisa ? Ou passamos batidos por ele em 99,9% do nosso tempo? Porque se Deus está em tudo, é possível  sentir sua presença na natureza, nas relações humanas, no amor, no carinho e no ódio. Aonde você viu Deus ? No abrir de olhos diário, numa mãe dando aconchego ao seu filho? Num ato de ternura, na compreensão das tais Leis? Nas religiões  que definem  Deus tanto sendo um senhorzinho barbudo quanto um caramujo? Nas suas atitudes diárias? Onde está o Seu Deus ? 



sexta-feira, maio 31, 2024

Dia de eleição

Título na mão, números dos candidatos guardados, nunca da cabeça para não esquecer deles nos próximos anos. Era assim a minha rotina de voto desde que comecei a cumprir meu dever a uns 17 anos atrás, me recordo de fazer uma peregrinação por Vila Isabel, revendo velhos amigos e sempre em companhia dos inseparáveis Ali e Fernando, as longas filas eram ótimas oportunidades de colocarmos o papo em dia, depois de rodar por lugares da nossa infância. Com o tempo a magia do voto acabou, os passeios com os amigos ficaram raros, a vontade de dar o voto a um político para não pagar R$ 3,50 de multa vai ficando cada vez menor, porém outras motivações acontecem, mas que uma surpresa política o passeio a pé com minha esposa e meus filhos para mostrar-lhe um pouco da magia eleitoral que eu sentia nos meus anos de adolescente, o exemplo é tudo para eles terem um mundo melhor.
Atualmente o assunto política é um assunto chato, a ideologia deu lugar ao marketing político, há muito que voto no menos pior e não concordo com o modelo político adotado pelo Brasil, a troca de favores, o toma lá dá cá, os desmandos, a roubalheira, a divisão dos poderes, as administrações tacanhas e obsoletas. Nada de novo em Brasília, nada de novo no meu estado, cidade e nem na forma de se fazer política.... o último político que priorizou a educação foi o Cristovam Buarque em 2006, o Centrão segue a política da UDN de travar o governo e barganhar tudo em torno da governabilidade.
E o discurso vai ficando chato, a política vai dividindo o povo que deveria cada vez mais se unir, a cultura de "nós e os outros", desfaz amizades e releva a política a um assunto que ninguém mais quer abordar, a despolitização acaba por deixar tudo do jeito que está, as esperanças que eu carregava nos tempos juvenis ficou pra trás, amizades foram quebradas, brilho nos olhos foram ficando turvos, esquerda ou direita seguem os mesmos modelos políticos mal sucedidos.... então no próximo dia de obrigação eleitoral cumprirei minha caminhada pelo bairro focando só na nostalgia dos tempos idos.

quarta-feira, março 13, 2024

A morada do silêncio

O silêncio vive atrás dos muros, onde àqueles que querem falar vivem na angústia do calar eterno. 
É um silêncio pálido e profundo... Abafado pela escuridão, revolto por terra sagrada. Frio e sem vida.
Não há um último apelo, não há o último lamúrio
Somente silêncio repentino e eterno, não houve mensagem de despedida nem pedido de socorro nada pode impedir aquele silencio.
Que ao mesmo tempo que nós é imposto por força maior, é democrático... Igual para todos.
Do louco moribundo, ao gênio... Do miserável assassino, ao artista de tv
O silêncio atrai comentários sobre o que foi dito e que não vale mais...
Com silêncio maior que o tempo na beira da rua da saudade, o silêncio tem endereço apesar de não andar mais.
É um silêncio largado na sarjeta imune a tudo que venha depois....  Imutável estado que não muda mais.