domingo, dezembro 07, 2025

O descanso da alma com amizades verdadeiras

A confiança de uma amizade nos permite desarmar, retirar aquela armadura pesada que tantas vezes precisamos vestir na caminhada diária. O mundo pode ser hostil, e por isso erguemos defesas mentais para proteger nossas convicções e nossa individualidade. Essa armadura, no entanto, não deve ser rígida a ponto de nos engessar, mas sim flexível, como uma malha de ferro que nos resguarda sem nos impedir de mudar. Ainda assim, é um fardo difícil de carregar o tempo todo. Por isso, precisamos de um refúgio sereno, livre de perigos, onde possamos descansar e aliviar o peso das costas — e esse abrigo é oferecido pelos amigos.

Aristóteles já afirmava que as amizades verdadeiras são essenciais para a felicidade humana. É nesse espaço de essencialidade que florescem a confiança, a entrega e o compromisso genuíno, não como cobrança, mas como fruto da partilha de valores como amor, respeito e gratidão.

Se a armadura existe para proteger quem realmente somos, as boas amizades cumprem o papel de nos resguardar quando estamos despidos, oferecendo acolhimento sem julgamentos. Afinal, é na presença dos amigos que encontramos a liberdade de sermos inteiros, sem máscaras, e ainda assim protegidos e respeitados.

 



Os ciclos que a vida faz

 Dentro de um clima tropical, nem sempre percebemos o mudar das estações. Não percebemos, mas a natureza é forte e constante, e a mudança está ali: constância dentro da mudança. Há ciclos!

Quando viajamos no inverno, isso fica evidente. O frio se impõe. O ar muda, a luz muda, a duração do dia muda. O silêncio das ruas anuncia uma estação inteira.

Já foi diversamente estudado como o ritmo de vida do ser humano mudou ao longo dos séculos por conta de novas tecnologias. Como a luz elétrica, a vigília noturna acabou; a vida noturna passou a ter mais agito. Com isso, perdemos o silêncio para reflexões mais profundas, o espaço de contemplação do universo e de como somos pequenos diante das estrelas. Talvez por isso tenhamos nos tornado tão megalomaníacos.

Deus é perfeito em Sua concepção; nós é que somos imperfeitos ao tentar impor nosso próprio ritmo à vida. A natureza ensina: se o corpo pede descanso, descanse; se o mundo se transforma, transforme-se também. . Transformar é como renascer, é como a natureza que nasce, cresce, morre e renasce transformando-se.  

Os exemplos estão a nossa volta: desde o girino, que tem que deixar de ser o que é para se tornar sapo, até uma cobra, que tem que deixar sua pele de lado de tempos em tempos; os ursos, que hibernam para se preparar par as mudanças; os insetos, que reservam comida para enfrentar o inverno; e o exemplo clássico da borboleta. É a sutil evolução da vida. Sim estamos em constante evolução, e não adianta remar contra a maré, é uma Lei Universal.

Quem quiser chegar a ser o que não é, deverá principiar por não ser o que é. Esse é o princípio de uma Lei Universal da mudança. Entender como funcionam essas Leis são verdadeiros pontos de apoio para entendermos como somos influenciados por aquela natureza que muda diante dos nossos olhos, mas que nem sempre percebemos. 

É como entender outra Lei Universal, a da gravidade, e conseguir tirar o melhor proveito dela para a nossa vida. Percebendo sua atuação ou não, ela está lá, em tudo: transformando, tropeços em quedas, mas também facilitando nossa vida quando sabemos usá-la; Por exemplo, ao se aproveitar uma queda d'agua para produzir energia elétrica (aquela mesmo que nos fez perder o brilhos das estrelas).

Leis assim, são poderosas e constantes, independente de onde estivermos. Ou seja, os ciclos existem mesmo que não estejamos dando atenção a eles. Ver os ciclos da natureza e estarmos sintonizados a movimentos sutis é de sábia importância para entender nosso humor e nossa vida. 

 Uma primavera que lembra a sensação de voltar a acreditar em algo: o tempo esquenta, os dias se alongam e as energias se renovam. Primavera é um tempo de sorrir e de recomeçar, com a euforia e a esperança de iniciar um novo ciclo. Alegre e harmonioso.

No verão, chegamos a um auge da renovação. É hora de doarmos a energia que recebemos; é tempo de expandir, criar planos, viver com intensidade - e as vezes até com exaustão, como pensou Vivaldi.

O outono chega como preparação para a introspecção do inverno. É hora de abrir mão da expansão de vida do verão, de reservar energias, soltar coisas que não vamos precisar no inverno. Como as árvores que se despedem de suas folhas, soltar é confiar no processo do ciclo que se renova; é aceitar finais para termos recomeços; é entender que nem toda perda é negativa e que pode-se abrir espaço para a renovação. Vivaldi mostra aqui uma maior consciência e controle das emoções.

E novamente o inverso: silêncio, pausa, recolhimento. É quando parecemos morrer, mas que estamos só nos recolhendo, hibernando para aceitar a passagem do tempo (mais uma daquelas Leis Universais impossíveis de reagirmos). Entendendo o silêncio, gastando pouca energia: eis o inverno de Vivaldi.

Temer invernos é reagir contra a ordem natural das coisas, que são mais fortes que nós. Isso funciona para a natureza que está ao nosso redor e para o que funciona dentro de nós. Invernos emocionais, psíquicos e intelectuais acontecem na nossa vida. Temos que saber reconhecê-los, respeitar nossos silêncios internos, nossa preparação; extravasar quando precisamos, calar também, com a certeza de que são ciclos e que nada dura para sempre. Todos os ciclos são necessários. E cada um tem uma característica bela que devemos reconhecer e acolher.


Relembre sua infância